Após treze anos desde sua última obra, Henry Selick volta às telas ainda impressionando com a estranheza de seu stop-motion, mas falha ao tentar contar todas suas ideias acumuladas em menos de duas horas.

Conhecido por dirigir Coraline e O Estranho Mundo de Jack, Selick agora também está no roteiro, trabalhando ao lado de Jordan Peele. A junção promissora de dois grandes nomes no terror traz Wendell & Wild, um filme cheio de críticas sociais relevantes e a junção certeira da comédia com o bizarro.

Kat é uma menina negra de 13 anos que perdeu seus pais em um acidente de carro quando ainda era criança. Ela toma a culpa para si, tornando-se uma adolescente problemática até receber uma segunda chance: Ir estudar com bolsa comunitária em uma escola católica para meninas na sua antiga cidade natal, a agora abandonada Rust Bank.

Enquanto isso no inferno, os irmãos demônios Wendell e Wild estão presos no nariz do gigante Buffalo Belzer e condenados a cuidar de seu couro cabeludo por desafiá-lo. Belzer tem um parque de diversões em sua barriga e os irmãos quiseram reinventá-lo.

Em um vislumbre após consumirem um creme de cabelo mágico, Wendell e Wild têm uma visão de Kat e descobrem que ela é uma donzela do inferno, ou seja, sua chance de construir seu parque dos sonhos no mundo dos vivos. Assim, em troca de suas liberdades, oferecem reviver os pais da menina.

Além desta trama principal, temos a empresa Klax Korp, comandada por um casal que deseja transformar Rust Bank em uma prisão privada e estão envolvidos em um incêndio na cervejaria da cidade, esta que era comandada pelos pais de Kat antes do acidente.

Ainda há história do padre, corrupto diretor da escola, da ex-donzela do inferno, do zelador da escola obcecado por demônios, dos zumbis da cidade, e dos estudantes da escola, os quais se destacam Raúl, um estudante trans e latino, e Siobhan, filha do casal da Klax Korp.

O roteiro tenta abraçar cada uma dessas histórias, assim como as críticas vindas com elas, que encaixadas em apenas 106 minutos acabam gerando arcos superficiais. O principal debate é a forma de lidar com a morte, porém ele se mistura com discussões sobre relações paternais e lutas na comunidade negra, como também com as críticas ao sistema penitenciário americano, ao conservadorismo,  à corrupção e ao descaso com a educação.

Ótimas temáticas que juntas acabam superficiais, complicando a própria explicação de mundo, a mitologia do filme e alguns personagens acabam por cair no esquecimento e tudo é resolvido nos últimos minutos de filme com todos os personagens reunidos.

Se o desenrolar da história tem suas falhas, visualmente o filme está impecável. Selick sabe como gerar o absurdo com o stop-motion, ele utiliza do neon nos momentos certos e a animação segue com fluidez. Além disso, o design de personagens é de impressionar, Wendell e Wild são claramente caricaturas de Peele e Keegan-Michael Key, os dubladores norte-americanos.

Ainda a se destacar positivamente, a trilha sonora punk-pop reforça a personalidade da personagem principal e aumenta a conexão com ela. O timing do diretor é ótimo, tanto na trilha como nas piadas, as quais divertem com seu duplo sentido inocente.

Portanto, Wendell & Wild é ótimo para passar o tempo e consegue entregar um visual deslumbrante, entretanto considerando os profissionais responsáveis por esse projeto era esperado algo mais conciso e organizado.

 

 

 

______________________________________

Escute nosso PODCAST no: Spotify | Google Podcasts Apple Podcasts | Android | RSS 

.
.
.

QUAIS AS REGRAS DO TERROR ?