Uma jovem gestante que planeja um aborto, um casal bobo e apaixonado, um motorista aspirante a cineasta e um médico amargurado e fechado. Cinco desconhecidos viajam numa espécie de transporte compartilhado (Uber de estrada), até que um acidente no meio do caminho os leva a testemunharem experiências misteriosas e assustadoras.

O lugar-comum das sinopses de filme de terror, certo? Até os letreiros do filme fazem jus ao “clássico” do título, com letras vermelhas e um estilo de fonte que ocupa toda a extensão da tela.

Mas por que o título, “Um Clássico Filme de Terror”? Seria o prenúncio de que algum tipo de paródia ou comentário sobre o gênero horror é o que está por vir?

As referências são muitas. De It: A Coisa a O Massacre da Serra Elétrica, os personagens frequentemente citam assassinos de clássicos do terror ou fazem comentários sobre situações inusitadas, comparando o que estão vivendo com outros filmes.

A fotografia trabalha bem a cor vermelha para indicar o constante perigo e estado de alerta que as situações exigem. As luzes dos refletores na cena da primeira vítima capturada promovem uma bonita imagem da cor invadindo todo o ambiente externo e ambiente interno.

Os ângulos são imponentes, com gruas e movimentos que dão a sensação de grandiosidade para o que vemos, o que faz com que se aproveite também o belo design de produção. Tanto a casa isolada e de compartimentos claustrofóbicos, quanto a densa floresta, dão a sensação de pequeneza e abandono daqueles personagens.

Mas o grande problema é que esses cinco personagens não possuem características instigantes ou marcantes. Tenta-se pincelar uma ou outra informação sobre aquelas pessoas, mas nada é desenvolvido. O drama familiar do médico não comove. A história de empreendedorismo da outra jovem muito menos.

Pra piorar, a relação e os conflitos entre os sobreviventes nunca funcionam, nunca deixam dúvidas do tipo: “ok, isso eu faria“, ou “esse cara pode estar certo“. O médico, por exemplo, é excessivamente irritado em quase toda atitude, nunca justificando essa agressividade, soando gratuito.

Diferente de produções como O Segredo da Cabana (de 2011, também em cartaz na Netflix), que sabe seus absurdos, utiliza referências de forma inteligente e constrói personagens minimamente interessantes, Um Clássico Filme de Terror é um filme com reviravoltas apáticas, que jamais surpreendem.

Pra piorar, essas ditas reviravoltas do terço final são autoindulgentes. Como se quisessem obrigar o espectador a gostar do que viu, ou como uma tentativa de justificar, sem sucesso, o fato de o filme não ser nada demais.

“Quando se é adolescente, você acha que a violência é legal, como num filme ruim de terror. Um brinde aos bons filmes!”, diz o motorista Fabrizio em um determinado momento.

Mas será que ele brindaria ao próprio filme? Nunca vi o Letterboxd dele, mas duvido muito.



________________________________________________

Escute nosso PODCAST no: Spotify | Google Podcasts Apple Podcasts | Android | RSS 
Siga-nos no INSTAGRAM
Entre para o nosso grupo no facebook AQUI
Curta nossa página AQUI

.
.
.

COMO DESTRUIR UM CASAMENTO ?

VISÃO GERAL
Avaliação
Messias Adriano
Concluiu cursos ministrados por Pablo Villaça e o Curso Básico de Cinema da Casa Amarela (Universidade Federal do Ceará). Assiste muitos filmes, lê muito sobre cinema. Embora saiba que pra vencer importa mais campanha do que qualidade, sempre se empolga com temporadas de premiação.
um-classico-filme-de-terror-critica Uma jovem gestante que planeja um aborto, um casal bobo e apaixonado, um motorista aspirante a cineasta e um médico amargurado e fechado. Cinco desconhecidos viajam numa espécie de transporte compartilhado (Uber de estrada), até que um acidente no meio do caminho os leva...