Titãs chega ao seu final da mesma forma que seguiu todo seu caminho, em uma constante crise de identidade e não conseguindo aproveitar o elenco maravilhoso que tem.

Dividido em duas partes que chegam em conjunto ao Brasil, a série da DC traz uma história enrolada, em contraste com os arcos de personagens que ocorrem demasiadamente rápido apenas para conveniência do roteiro, com um final que desaponta os fãs, seja da série ou que seguem a mais tempos esses personagens tão queridos.

Acompanhamos os já conhecidos Estelar, Asa Noturna, Ravena, Mutano, Superboy e Tim Drake em sua viagem rumo à São Francisco, com uma parada em Metrópolis, onde os Conner Kent finalmente conheceria o Super Homem com a ajuda dos laboratórios STAR. Entretanto, não é o que ocorre e ele vai conhecer o seu outro “pai” Lex Luthor.

E engana-se quem acha que ele é um dos grandes vilões da temporada, desperdiçando toda construção que acompanhamos deste personagem e da LexCorp, os verdadeiros vilões são a Matriarca e o Irmão Sangue, da Igreja do Sangue.

O carisma do elenco composto por Anna Diop, Brenton Thwaites, Teagan Croft, Ryan Potter, Joshua Orpin e Jay Lycurgo (em ordem do parágrafo anterior),  faz com que o público siga olhando o show, ouso dizer que não haveria casting melhor para essa equipe.

Os atores realmente entendem a essência dos personagens que interpretam, e mesmo com todas as contradições do roteiro, suas atuações nos permitem sentir quase como se estivéssemos lendo os quadrinhos em tela. Além disso, destaco também aqueles que compuseram os novos personagens, como Franka Potente e Joseph Morgan que poderiam ter sido os maiores vilões da série na história certa.

Outra contribuição para a sensação de ler os quadrinhos em tela são os trajes de luta, um dos grandes acertos da série desde a primeira temporada. Trajes muito bem pensados que valorizam seus personagens, como também sua origem.

E novamente reforço que a equipe da série não sabe reconhecer o seu melhor, já que quase não vimos esses trajes nessa temporada, diversas vezes os heróis entram em ação com roupas comuns, ignorando dessa forma, uma “regra” do universo, que são as identidades secretas.

Não somente ela mas muitas “regras” foram quebradas, vindo à tona sua falta de identidade, mesmo em sua última temporada. Desde o início a série tentou trazer o lado mais sombrio dos heróis, sem conhecê-los de verdade, sem reconhecer que toda a essência da equipe anda em conjunto com o humor, mesmo no pior lado de cada um.

E com isso, ao tentar lidar com o lado mais obscuro dos personagens e citar regras dos quadrinhos como “não matar”, para logo depois ignorar essas regras, acabam tornando os personagens, principalmente Dick Grayson, em cínicos. Além disso, temos a tentativa de recuperar esse humor da equipe, que é feita de forma escrachada e entra em conflito com essa ideia inicial de se levar a sério.

Ademais, em questão do roteiro o arco mais decepcionante é do vilão, já que se os roteiristas não conhecem seus heróis de 4 temporadas atrás, quem dirá um vilão que acabou de chegar? Sebastian/Irmão Sangue é um clássico antagonista da equipe, mesmo que não tão conhecido, e que é posto dentro da série no “modo Coringa” de “sou assim pois as pessoas me trataram mal”, e durante a temporada inteira é constantemente manipulado por diversos personagens, chegando ao final sem um desejo definido.

Sem um vilão potente que auxilie de verdade na continuidade da história, temos os arcos dos personagens principais sendo jogados de formas rasas, em diálogos expositivos e em ações pouco relevantes, na verdade todas as ações da temporada parecem não levar a lugar algum.

Por exemplo, temos a caminhada do Superboy em entender que ele nunca será igual  ao Super Homem, mas isso não o obriga a ser igual ao Lex Luthor e também não o torna um vilão, ele é apenas um ser humano (ou quase) complexo, como todos os outros. Algo que seria lindo se não tivesse sido usado apenas como uma estratégia rasa para mover a história.

Exposto tudo isso, eles ainda se esforçam demais para causar comoção no público, e no sentido errado. Reforçando mais uma vez que eles não conhecem nem os personagens nem o público, eles tentam usar da metalinguagem para zoar as criticas, “por que novos personagens?” e “mais gente se beijando.”, mas na verdade nem isso eles realmente cumprem, soando só desesperado.

Além do queridinho dos produtos de super-heróis atuais, o fanservice do multiverso, solto no final de um episódio enquanto não temos nenhuma menção à Donna Troy (Conor Leslie), ao Hank Hall (Alan Ritchson) ou à Dawn Granger (Minka Kelly) ou a qualquer outro personagem que acompanhamos por anos dentro da série.

Portanto, Titãs não sabia o que queria contar e terminam deixando um amargo na boca e um aperto no peito daqueles que ainda tinham alguma esperança com a série.

 

 

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ATUANDO COMO SUPER-HERÓI