Tick, tick…Boom!, o longa-metragem dirigido por Lin Manuel Miranda e estrelado por Andrew Garfield chegou na sexta, 19, na plataforma da Netflix.

A história narra a história de Jonathan Larson, o fenômeno da Broadway responsável por musicais icônicos e inesquecíveis como Rent e o próprio Tick, tick. Andrew encarna o personagem em meio a sua crise dos 30 anos, na qual seu aniversário chegará em poucos dias e sua carreira profissional se encontra numa fase deprimente. Dessa forma, através das músicas de Tick, tick, Lin Manuel Miranda guia o espectador através da criação do espetáculo Superbia, uma das primeiras obras durante sua escalada até o topo.

Lin Manuel Miranda brilha nos espetáculos musicais, e isso é fato. Mas a divergência entre a direção e produção teatral e a audiovisual é inevitável e ele ainda parece transitar entre essa linha de maneira instável. O filme conta com músicas bonitas e cenas interessantes, e o contato de Miranda com os diferentes cortes e movimentos de câmera trazem alguns momentos positivos. Contudo, sua inexperiência faz com que a decupagem de várias cenas seja confusa e com certa falta de tato, algo que com certeza ele adquira em suas experiências futuras dentro do cinema.

Ademais, por mais que as músicas tenham letras harmônicas e melodias agradáveis, um “tom” nunca é realmente ditado na obra. Ao caminhar entre Tick, Tick e Superbia, além de alguns resvalos futuros de Rent, a obra busca demais e entrega de menos. A essência do musical nunca se estratifica e, assim, a falta dos momentos memoráveis e arrepiantes para os fãs de musicais se faz presente tristemente.

Um fator positivo, porém, é a atuação de Andrew Garfield. A ascensão do anonimato em direção ao egocentrismo da fama é uma viagem já conhecida pelo ator no filme Mainstream. Contudo, nesse ele tem sua redenção como protagonista e entrega alguém com que as pessoas podem se identificar em algum nível. Os vocais apresentados por ele são excelentes, assim como sua atuação.

Outro ponto interessante da obra é a contextualização em meio a pandemia da AIDS, que assolou, em especial, a comunidade LGBTQ+ durante as décadas de 1980 e 1990. Jonathan é um protagonista altamente envolvido nessas causas, e seu melhor amigo, Michael, é seu ponto de maior sensibilidade no filme. As músicas e momentos dedicados a ele são, de longe, os mais primordiais no aprofundamento da esfera dramática e os únicos capazes de arrancarem lágrimas do espectador.

Contudo, o bom senso ao retratar Michael e sua relação com Jonathan não deixa de ofuscar a falta de desenvolvimento de outras personagens. Susan, a namorada do protagonista, é interpretada pela encantadora Alexandra Shipp e cheia de potencial a ser explorado (e desperdiçado). Vanessa Hudgens, já conhecida entre os amantes de musicais, também foi anunciada como parte do elenco com afinco, mas sua participação se resumiu a canções e alguns poucos e insuficientes diálogos.

Assim, Tick, tick…Boom! se mostra como uma obra confusa, que busca atingir inúmeros patamares e acaba por deixar a desejar em quase tudo. Contudo, ver Lin Manuel Miranda se entregar mais a produções cinematográficas, especialmente junto a alguém tão especial quanto Garfield, faz com que o filme seja de um amadorismo espirituoso e deixa altas expectativas para o que ainda virá no futuro.

 

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