Após anos de experimentações e instabilidades pós-Vingadores: Ultimato (2019), a Marvel Studios finalmente entrega um filme que resgata o seu DNA — e o faz de maneira ousada e simbólica. Thunderbolts* estreia nesta quinta-feira (2) como o último filme da Fase 5 do MCU, reunindo anti-heróis esquecidos para preencher um vazio deixado por figuras que já pareciam inalcançáveis.
Dirigido por Jake Schreier e roteirizado por Eric Pearson e Joanna Calo, o longa é um lembrete: um herói não se pode fabricar; ele acontece. E Thunderbolts* defende essa ideia com um humor preciso, ação bem dosada e diálogos surpreendentemente afiados.
A trama gira em torno de Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), diretora da CIA que, para salvar sua posição política, precisa encobrir operações secretas envolvendo nomes como Yelena Belova (Florence Pugh), John Walker (Wyatt Russell), Guardião Vermelho (David Harbour) e Fantasma (Hannah John-Kamen). Paralelamente, a tentativa de criar o “herói perfeito” com o Sentinela (Lewis Pullman) se torna uma alegoria sobre a luta interna entre a luz e a sombra — tema que atravessa toda a narrativa.
Grande parte do triunfo de Thunderbolts está em seu roteiro, que, além de equilibrar humor e ação, aborda questões mais densas, como a sensação de vazio, o medo do fracasso e a necessidade humana de pertencimento. A montagem dinâmica, em certos momentos, evoca o estilo visto em Doutor Estranho, enquanto a trilha sonora reafirma o capricho que a Marvel sempre imprimiu nesse quesito.
As atuações também merecem destaque, principalmente Florence Pugh, que mais uma vez entrega uma personagem vibrante mas cheia de vulnerabilidade. O elenco como um todo consegue imprimir humanidade a figuras até então mal aproveitadas na Marvel.
Durante o primeiro ato, o filme constrói com inteligência as tensões entre seus personagens e suas lealdades frágeis, até desaguar em um confronto simbólico contra o Sentinela — a representação viva do heroísmo fabricado. Mas Thunderbolts* vai além: ao longo do segundo e terceiro atos, o roteiro ganha ainda mais fôlego, aprofundando os dilemas internos de seus protagonistas e mostrando que, mais do que habilidades extraordinárias, o que define um herói é sua capacidade de fazer escolhas difíceis, mesmo sem garantias de reconhecimento.
O prédio em ruínas onde ocorre o clímax — antigo símbolo de glória dos Vingadores — serve como metáfora poderosa da transição entre passado e futuro, entre lendas imortalizadas e novos heróis em construção.
Thunderbolts* não é apenas um filme de reunião. É uma reflexão divertida, dinâmica e surpreendentemente emocional sobre identidade, legado e autenticidade — provando que, apesar das fórmulas conhecidas, a Marvel Studios ainda sabe como fazer uma boa história acontecer.
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