The Witcher arrisca em ares mágicos, fantásticos e lembra o teor da diversão como possibilidade, mas infelizmente insiste em núcleos amplos e variadas interseções de personagens.
Ao contrário da temporada de apresentação, o clima de magia e misticismo invade o ambiente por inteiro com criaturas horrendas, onde a computação gráfica se une a conceitos de outros gêneros como o “body horror”.
Destaca-se a energia medievalista, que fazendo com que o prazer de assistir seja interessante e não meramente uma atmosfera vazia, ao transformar lacunas de tramas humanas entediantes em combates épicos e sangrentos. A diversão se torna sem precedentes, mas isso é só em um primeiro momento.
Com durações exageradas, a decupagem da montagem de “The Witcher” se esquece da importância de valorizar o impacto de seus personagens. O retorno de Yennifer (Anya Chalotra), por exemplo, fica flácido e perdido perante idas e vindas dos núcleos no primeiro episódio.
Essa ressalva do roteiro parte de uma recepção mista pela decisão criativa do ano anterior, ao usarem o método de linhas temporais não-lineares e, ao sair desse escopo, concedeu uma falta de brilho no texto da série, ficando ainda mais nítidas as limitações da história.
Se por um lado o enredo foi limitado, onde o espectro da moralidade junto a intriga política permeiam um desenvolvimento lento e cansativo, em contrapartida, Henry Cavill interpretando Geralt esbanja carisma em uma interpretação muito mais confortável, mesmo com um personagem baseado em amargura e pitadas ranzinzas, enquanto outros rostos antigos e novos trazem interpretações relevantes como Dijkstra (Graham McTavish) e Vesemir (Kim Bodnia).
A Segunda temporada de The Witcher explora sua mitologia e expande as possibilidades através dos episódios, mesmo com um desfecho apressado, não consegue limitar as impressões do telespectador e talvez alterar o formato de lançamento, mas isso seria magia demais até para “The Witcher” conseguir mudar a cabeça da Netflix.
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