Sorte De Quem? ou Windfall é um filme do diretor estadunidense Charlie McDowell e protagonizado por Jesse Plemons, Jason Segel e Lily Collins. Conta a história de um casal bilionário que planeja passar um fim de semana romântico em uma de suas casas de campo, mas são surpreendidos por um sequestro mal coordenado.

A obra tem um quê de suspense clássico, remetente a Hitchcock (a trilha musical, inclusive, inspirada na trilha de Vertigo), porém, de forma ainda a desenvolver sua trama com originalidade e uma direção singular e bem executada. Nenhum dos três protagonistas têm nome, e todos são arquétipos do que o filme busca criticar: o bilionário egocêntrico, a esposa objetificada e o ladrão, vítima de políticas capitalistas bárbaras.

O filme, por ter apenas uma hora e meia de duração, tem uma dinâmica que funciona. O desenrolar dos acontecimentos tem uma cadência variável, começando de maneira intensa, com um segundo ato mais lento e o final que escala rapidamente. As atuações são de suficiente para prender a atenção do espectador até o fim, com destaque para Plemons, já consagrado, mas também para Segel, num papel que foge das comédias que costuma atuar e para Collins, que finalmente se desfaz do seu typecasting de garota descontraída e fashionista.

A decupagem do filme é interessante, havendo sempre uma sobriedade requintada na forma como a câmera captura os ambientes e a movimentação das personagens. Em sumo, é um conjunto agradável de um roteiro mediano, boa direção e atuações de destaque. Não é algo que possa ser chamado de obra-prima, em principal, pela previsibilidade dos eventos, e da crítica social não muito elaborada. Porém, é interessante como a obra opta por um final que remete muito mais ao olhar feminino do que à análise socioeconômica que prevalece inicialmente.

A finalização da obra é construída através da sutileza, que aos poucos, tomam por completo a personagem de Lilly Collins. Objetificada e descartada pelo próprio marido, ela não se vê como uma pessoa real. E em meio a conversas calculadas e manipuladoras com o sequestrador, a protagonista chega a cogitar durante o filme, finalmente estar sendo vista e compreendida por alguém do sexo masculino.

O estopim vem quando ela percebe que não tem serventia a nenhum dos dois, e há uma surpresa agradável quando a mesma mata tanto o ladrão, quanto o marido. O filme escolhe a hora certa para acabar a história e satisfazer o público após uma hora e meia de diálogos masculinos pretensiosos e de vaidade excessiva.

Sorte De Quem? é um bom filme, que conhece suas virtudes e limitações, e atende às expectativas criadas. Memorável talvez seja uma palavra forte demais para descrevê-lo, mas é, com certeza, um trabalho bem executado e um entretenimento de qualidade.

 

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