Shazam: Fúria dos deuses continua os eventos do longa de 2019, na trama Billy Batson e sua família necessitam enfrentar os desafios do amadurecimento como heróis e pessoas, além de conseguir lidar com vilãs que representam uma ameaça para todos.

A descrição inicial que denota o embate contra as antagonistas como uma nota de rodapé , não é por acaso, em uma trama estabelecida no básico , os dilemas propostos pela ameaça são sem substância, o verdadeiro valor e empenho do filme está antenado a família como núcleo da obra.

Se no primeiro longa a relação do Herói e sua auto descoberta trazia uma base de humor e drama cadenciado, ao aumentar o leque de personagens  e consequentemente sub-tramas e interações, tornam um agravante quando se trata de desenvolvimento, reduzidos aos seus tópicos pessoais e adjetivos , a família Shazam é muito mais sobre a necessidade de comunicar de forma rápida com o público o humor de suas realizações, ao invés de proporcionar uma relação genuína de evolução.

Mesmo com tantas diferenças e a ambição em fugir da batida conhecida de passado sombrio da origem órfã, a história não permite que evolua de forma natural, o carisma dos intérpretes e principalmente do protagonista é o ponto-chave para sustentar toda a bagagem externa da obra. Mas não é pensado ao telespectador, as dúvidas sobre as motivações e intenções de cada personagem poderiam ser exploradas invés de apenas ditas, os diálogos comunicam o óbvio e constantemente não agregam ao todo, mas apenas ao momento, e alguns desses momentos são apenas piadas vagas ou até marketing cinematográfico com marca de chocolate.

Quando a história se desdobra, inicia um preenchimento de tópicos a serem cumpridos, realizando todas as necessidades de uma clássica aventura familiar, o que não seria um problema, entretanto muito é relatado sobre “cumprir uma promessa” quando se trata de obras nesse estilo, mas qual seria a promessa em questão?

O entretenimento audiovisual são promessas  por suas sinopses? marketing que engloba trailers e pôsteres ou o contexto que cercam seus lançamentos? Em todos os casos Shazam 2 é uma sequência de um universo compartilhado conturbado e uma das inúmeras produções de super-heróis que lançam hoje em dia, a necessidade de ligação com uma trama maior como as produções da Marvel envolvendo diversos filmes ou uma diferença de abordagem como “Coringa” e “Logan” não é o que vem à mente quando se trata deste projeto.

Talvez a promessa sempre tenha sido sobre uma diversão ocasional nos cinemas, e de tamanha ambição de realizar ela, nunca houve uma vontade genuína em expressar algo que tenha um valor. Mesmo com a oportunidade em explorar uma geração que busca conflitos mais amplos que bem e mal, a tentativa existe, mas não pela vontade de explorar isso, mas em relacionar o esperado dessa aventura..

Cinema essencialmente é sobre histórias, mas as histórias que são contadas retratam sua premissa e intenção, ao não conduzir um tema de forma orgânica, mesmo com família e fantasia como grande peça central do filme, a sequência não chegou a prometer nada, justamente por não conseguir oferecer sua premissa além do esperado.

E nem se trata sobre uma questão de uma narrativa clássica de dominação global, mas até a forma que conduz os eventos no filme, as sequências de ação ficam aquém de um ritmo esperado na montagem, a comédia é sobre o cotidiano de inúmeras gerações, mas sem espelhar nenhuma delas. 

A direção se preocupa tanto em garantir uma distração genuína do público do mundo ao redor, que não temos certeza que universo somos apresentados, e nem se trata sobre o universo compartilhado da DC nos cinemas, mas o filme como um todo, se no primeiro final era abrupto a diferença de Billy Batson como criança e campeão do mago Shazam, na sequência é agravado pela necessidade de expressar essa grande comédia familiar.

É raro filmes nesse estilo obterem vida longa com o público geral, mas ao espelhar algum sentimento com sua narrativa, proporcionam uma sensação de magia que só existe na sétima arte. Ao retratar magia, super-heróis e deuses gregos, a única conexão com a criança interior do público, é o excelente trabalho da fotografia em reproduzir um universo realmente colorido e exuberante. 

Não é uma experiência desastrosa que proporciona um caos visual e narrativo, mas a nova aventura da DC nas telas não tem muito o que dizer ao mundo, e mesmo que não houvesse muito de se esperar, qual é a relevância dessa história dentro de sua “promessa”?

Estamos em um momento de súplica tão enorme pela felicidade que apenas abordar ela é necessária? ou se tornou difícil para Hollywood pensar histórias como histórias.

Resumido a risadas ocasionais e uma boa interpretação de Zachary Levi no papel do protagonista, Shazam 2 não imprime sua identidade como filme de super-herói, mas como “mais um filme esquecível de super-herói”, a probabilidade deste filme se torna mais um dentre tantos da tendência existe, mas apenas o tempo pode comunicar algo.

 

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ATUANDO COMO SUPER-HERÓI

 

Graduando de Comunicação Social e Ciências Sociais, Intérprete de LIBRAS e cursado na AIC em Roteiro de Cinema e TV. Pai de duas crianças lindas, fã do Batman desde pirralho, cinéfilo amante de Kyoshi Kurosawa, Dario Argento e Guel Arraes.