O cinema iraniano por muitos visto como exótico, tem uma notoriedade em filmar narrativas protagonizadas por crianças e veículos automotivos. Panah Panahi bebe da fonte de seu pai, o genial cineasta Jafar Panahi diretor de longas como O Espelho (1997) e Táxi Teerã (2015), e cria um road movie em sua grande estreia como diretor internacional do longa-metragem Hit the Road (Pegando a Estrada na versão brasileira).

Exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes e no Festival de Londres, o filme acompanha a viagem de uma família composta por cinco membros: O enérgico caçula, o angustiado filho mais velho, o pai com sua perna engessada, a mãe preocupada e o velho cachorro. No decorrer da quilometragem, os personagens vão apresentando suas histórias e dilemas.

Os elos familiares são fortes e íntegros, porém o filme aborda as mudanças psicológicas e comportamentais que cada personagem sofre ao lidar com a partida do filho mais velho. Outro aspecto de perda se materializa no cachorro doente. Ele representa o desmantelamento familiar, levando os personagens para uma nova fase. A família agora se encontra mais enxuta, porém permanece alegre e firme.

Apesar da inspiração paterna, o diretor e roteirista Panah Panahi apresenta ao público um filme com elementos modernos de linguagem fílmica, dando à obra um tom de cinema de autor. Um exemplo claro é a referência a Stanley Kubrick, onde uma cena de 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968) é recriada no estilo cinematográfico iraniano contemporâneo. Elementos como quebra da quarta parede, feita pela criança ao cantar olhando fixamente para o público, e montagem de som não diegético a fim de enfatizar um universo paralelo presente dentro dos personagens, transgride as possibilidades narrativas e aumenta o potencial criativo do filme.

Apesar do argumento fílmico ser nitidamente doloroso, a obra se apresenta com delicadeza. Rompendo lágrimas do espectador, porém sem explorar mazelas sociais, Pegando a Estrada é um filme sobre relações familiares, suas perdas e mudanças. É uma ótima sugestão para os curiosos por narrativas fora dos grandes eixos comerciais do cinema de indústria. 

Pegando a Estrada integra a programação da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo através da Competição Novos Diretores.

 

Confira os textos sobre alguns filmes da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo: AQUI

 

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