Apesar da transfobia ser crime, o Brasil é ainda o país que mais mata transexuais no mundo, sendo eleito pela 13ª vez seguida em 2022. Os números de assassinatos crescem a cada ano e colocam em xeque o direito de existir das pessoas trans. É nesse cenário lamentável que se passa a narrativa de Paloma, uma mulher trans que sonha em ter um casamento religioso tradicional com seu companheiro.

Paloma (Kika Sena) trabalha como colhedora de frutas e como cabeleireira nas horas vagas. A sua rotina é dura e com pouco conforto, porém repleta de alegria ao lado da filha e de seu companheiro Zé (Ridson Reis). Eles moram juntos em uma casa simples no interior, em uma cidade rural e com pouca diversidade entre seus habitantes. O sonho de Paloma é banal na ótica das pessoas ao seu redor, porém fortalecido por suas amigas.

A proposta do filme de Marcelo Gomes é explorar toda a complexidade ao redor de uma mulher trans, apenas pelo fato de existir. Essa problemática é colocada em questão sempre que Paloma conquista um lugar por direito, pois aos olhos da sociedade homofóbica e preconceituosa a sua presença é motivo de constrangimento e afrontamento.

Embora a narrativa do longa-metragem tenha um argumento muito simples, o grande motim do filme é o questionamento da resistência que a protagonista precisa ter para conquistar seu lugar no mundo. Isso é apresentado ao espectador de formas distintas, tanto com passividade através de “piadas” homofóbicas e também com violências extremas tais como agressões e traições afetivas.

Apesar do tema ser doloroso, a obra não é agressiva. O longa acompanha a personalidade otimista de Paloma em sua forma. A paleta de cores do filme é vibrante, com fotografia ensolarada e trilha animada com músicas populares e românticas.

É de suma importância que obras como Paloma cheguem ao grande público de forma a atuar como uma militância pelo direito de existir e ser feliz da comunidade trans. Através do cinema uma arte tão comunicativa e sensível, que são projetadas ao público narrativas merecedoras em ganhar visibilidade a fim de ampliar o olhar e desmistificar preconceitos que não condizem com o senso comum de perfil acolhedor e diverso do povo brasileiro.

 

 

 

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