Com grandes sucessos de bilheteria nos Anos 80, filmes ao estilo “buddy cop” são comédias de ação que geralmente trazem como protagonistas uma dupla de policiais cujas personalidades distinguem, mas que, após passarem por diversos riscos e aventuras juntos, fortalecem os laços de amizade e a parceria nas missões.
É esse o caso de Os Opostos Sempre Se Atraem, uma sequência de outro filme francês lançado em 2012, mas pouco distribuído fora da França, praticamente desconhecido no Brasil. Omar Sy (de Intocáveis e Lupin) e Laurent Lafitte (de Elle) reinterpretam Ousmane e François, policiais reunidos após 10 anos para investigar um estranho assassinato ocorrido em uma cidade pequena, mas que pode levar a uma conspiração maior.
Inicialmente parecendo simpático e inofensivo, quase um filme de Didi Mocó dos tempos atuais, a trama parece ganhar um pouco de corpo quando adentra questões atuais: no filme, o discurso político conservador e a defesa dos supostos “valores tradicionais”, que se revelam racistas e xenofóbicos, é centro da investigação da dupla de protagonistas.
Pessoas fanáticas por “lei e ordem” na figura de políticos nacionalistas não são exclusividades brasileiras. Aliás, é nefasta tendência mundial com Trumps, Bolsonaros e Le Pens, esta última quase eleita recentemente nas terras de Napoleão.
A dinâmica entre os protagonistas cativa pelos divertidos desentendimentos e discussões bobas entre os dois, sendo essa boa química da dupla o ponto alto do filme. Omar Sy, especialmente, tem uma presença que exala simpatia e fisicalidade, algo que o personagem precisava para convencer como bom policial e como pessoa de confiança.
Mas não há nada muito além da superfície das boas tiradas cômicas. As cenas de ação desapontam pelos incontáveis cortes em cima de cortes, algo que prejudica o entendimento da geografia da cena e tira a crença de que o personagem estaria realmente ali, já que só vemos vultos de braços e pernas.
Aliás, a montagem frenética está presente não necessariamente em cenas de ação, mas em simples conversas, como as de François e a com uma psiquiatra, logo no início. O diretor Louis Leterrier parece odiar um plano que dure mais que três segundos, seguindo à risca a Cartilha Michael Bay de Cinema.
O filme fecha a investigação de forma insossa, quase protocolar, falhando na conclusão da relação entre os dois policiais. Ficam as boas ideias engraçadas (a referência a Mario Kart em uma perseguição na qual se joga uma casca de banana), falta um fechamento digno para os protagonistas, onde nada foi construído e tudo foi forçado em um último diálogo.
Tudo isso dá a cruel impressão de que, logo após a rolagem dos créditos finais, o espectador dificilmente lembrará de… Qual o nome do filme mesmo? Ah. Os Opostos Sempre Se Atraem.
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