Numa era de retorno dos slashers originais, depois de produções grandiosas como Halloween, com a volta de Jamie Lee Curtis, e Pânico 5, que regressou com o trio principal e protagonistas da nova geração, chegou a vez da franquia de O Massacre da Serra Elétrica. A saga, que contava até então com nove filmes, segue as vítimas de um assassino canibal, conhecido pelo nome de Leatherface, graças a sua marca registrada: uma máscara feita de pele humana.

O novo filme veio sem grandes promessas, trazendo consigo as expectativas frustradas de um trailer mal-sucedido e divulgação de pouca repercussão. Assim, era de se esperar que a obra provavelmente não fosse entregar grandes feitos, mas ainda assim, conseguiu surpreender ao conceder resultados tão humilhantes e vergonhosos. O Massacre da Serra Elétrica – O Retorno de Leatherface é um filme fajuto, que busca as inovações de revivals que deram certo e um apelo insultuoso à geração Z e suas pautas sociais de maior importância.

O longa, lançado na sexta, 18 de fevereiro, foi dirigido por David Blue Garcia e protagonizado pelas irmãs Melody (Sarah Yarkin) e Lila (Elsie Fisher), que vão com um grupo de amigos ricos até uma cidade esquecida do Texas, na busca por um investimento após os traumas de um tiroteio na escola em que estudavam.

Lá, acabam por perturbar os moradores locais e provocam a ira de Leatherface. Críticas ao racismo, gentrificação e temáticas armamentistas passam pela obra sem causar impacto e sem uma devida relevância na narrativa, servindo apenas como um alicerce indigno para a falsa ideia de que o roteiro tenha qualquer coisa a dizer.

E, de fato, esse talvez seja o maior problema da obra. O Massacre da Serra Elétrica é um slasher conhecido não por sua grande complexidade narrativa, mas sim, por sua construção primorosa de tensão, suspense e mortes chocantes que sempre entregam alto nível estético mesmo com baixos orçamentos. O novo longa, não só entregou cenas de perseguição e assassinato de baixa qualidade, como também serviu pautas políticas rasas num conjunto cruzado de plots mal-sucedidos.

As referências à nova geração são primordiais para a constituição das piores cenas do filme, como é o caso da sequência do ônibus, no qual Leatherface assassina os jovens dentro do veículo, enquanto acontece uma live pelo Instagram e comentários debochados sobem na tela. A luz neon chamativa apela para um efeito estético que deseja agradar o público mais novo, mas deixa a cena desagradável e dificulta a visão dos acontecimentos.

Tudo isso é mesclado com a volta da final girl original da franquia, Sally, que retorna para ajudar as irmãs no combate com o assassino. Sally tem uma introdução com pouquíssimo tempo de cena, é resumida a um instrumento narrativo banal e tendo o potencial de um reconhecimento devido jogado fora em prol de absolutamente nada. Seus diálogos com Leatherface são débeis e pouco remetem à sua personalidade construída na obra original.

Dessa forma, é notável que O Retorno de Leatherface é uma mistura ordinária de pautas políticas renunciadas, referências pobres da relação da juventude atual com a tecnologia e um reaparecimento vexatório da personagem feminina mais icônica da franquia. É um filme que foi feito sem propósito, sem suspense, sem excitação. O charme da euforia do gênero slasher não chegou perto de ser representado e sua falta deixa um gosto amargo na boca daqueles que assistem a obra, e a terminam de mãos vazias.

 

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