O Diabo de Cada Dia é indiscutivelmente um filme atraente. O elenco é composto por nomes de peso que variam desde os queridos do público mainstream (Tom Holland e Sebastian Stan, respectivamente Homem-Aranha e Soldado Invernal no Universo Cinematográfico da Marvel), até figuras carimbadas do cinema alternativo como Mia Wasikowska e Robert Pattinson, que agora trilha seu caminho de volta às graças do público como o novo rosto por trás do manto do Homem Morcego.
Entre recém-chegados que prometem atrair holofotes e rostos conhecidos que por si só chamam o público, a proposta de um terror que não é carregado nas costas de jump scares ou espíritos demoníacos é um oásis para os fãs do gênero.
Mas isso não é suficiente para salvar O Diabo de Cada Dia de uma simplicidade morna, no sentido menos motivador do termo. O longa, adaptação do livro de mesmo título de Donald Ray Pollock, tenta a todo custo nos convencer de que estamos testemunhando o desdobrar de vidas guiadas por um compasso moral tão incerto quanto o próprio conceito humano de justiça.
Sem entregar muito de um segmento linear, temos a certeza de cara de que acima de histórias cruzadas em uma cidade presa no limbo entre duas guerras, o filme é uma representação de um embate nada complexo entre aqueles de fé inocente e os de almas corrompidas pela violência. Sem nenhuma lição de moral, a morte neste universo — com a oportunidade de ser tão influente quanto um protagonista — deixa de ser um processo natural e se torna uma maldição gratuita.
As histórias particulares neste microcosmo têm um começo, são esquecidas e logo retornam para um desfecho previsível. Não há dualidade no caráter ou qualquer possibilidade de redenção, mostrando que um elenco de qualidade não salva um amontoado de personagens que não são capazes de atrair a simpatia do público. Na tentativa de chocar, O Diabo de Cada Dia se mostra desinteressante e sem nada de inovador para oferecer. Em dado momento, só esperamos que o filme acabe (e que o livro seja melhor).
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