Mike Flanagan tornou-se um nome reconhecido mundialmente no universo do cinema de terror e também fora dele entre os anos 2018-19 quando lançou em sequência a minissérie A Maldição da Mansão Hill, pela plataforma de streaming Netflix, e a aguardada adaptação para os cinemas da obra literária de Stephen King Doutor Sono, continuação do sucesso O Iluminado.
Se na produção da Netflix vemos o cineasta explorar inúmeras camadas do gênero ao adaptar e ampliar a clássica obra literária A Casa da Colina de Shirley Jackson, em Doutor Sono ele consegue a quase impossível missão de produzir um trabalho que agradou ao exigente King, utilizando grande parte da estética do filme de 1980 de Stanley Kubrick, tão criticado (e odiado) publicamente pelo escritor. Assim, é inegável que as expectativas para sua primeira minissérie autoral, Missa da Meia-Noite, estavam bastante elevadas.
Disponível desde 24 de setembro, a produção com roteiro assinado por Flanagan em parceria com seu irmão James Flanagan, Joyce Sherrí e Teresa Sutherland, conta como a chegada de antigos e novos moradores à comunidade de Crockett Island – uma afastada ilha estadunidense – afeta sua organização social.
Erin Greene, interpretada por Kate Siegel, retorna grávida à casa de sua falecida mãe após deixar o local aos 16 anos; Riley Flynn (Zach Gilford de Good Girls) volta a morar na casa dos pais depois de cumprir pena na cadeia por provocar um acidente ao dirigir alcoolizado; e Padre Paul (em uma interpretação brilhante de Hamish Linklater), chega à religiosa comunidade para assumir a paróquia local após o afastamento do pároco anterior por motivos de saúde.
Habitualmente, Mike Flanagan tende a usar os mesmos atores em seus trabalhos e em Missa da Meia-Noite não foi diferente. O elenco conta com profissionais presentes em produções anteriores do diretor como Samantha Sloyan (excepcional como a beata Bev), Rahul Kohli, Annabeth Gish, Alex Essoe e o eterno Elliot de E.T: O Extraterrestre, Henry Thomas. Além, é claro, da esposa do cineasta, Kate Siegel, entregando uma atuação comovente.
A história vem sendo trabalhada pelo diretor desde 2016, sendo possível aos fãs observarem referências à ela em outras obras da autoria de Flanagan, como Jogo Perigoso de 2017 e Hush de 2016. Podemos observar um “talvez” desejo do cineasta em criar um universo interseccionado em seus trabalhos, algo que já vem sendo feito por outros diretores do cinema de gênero, como o malaio James Wan.
Falar sobre a trama sem dar maiores detalhes da mesma interferindo na experiência do espectador é quase impossível, mas podemos nos limitar a dizer que em Missa da Meia-Noite Flanagan não apenas trabalha com diferentes camadas do gênero de terror – algo feito com êxito por ele em A Maldição da Mansão Hill ao usar a estética para abordar temas como luto, vícios, transtornos mentais e filosofia.
Em seu novo trabalho o diretor também mescla os mais diferentes subgêneros do terror, criando uma história típica de folk horror, mas situada nos dias atuais e com elementos fantásticos no centro da trama. O argumento e muitas falas estão embasadas na teoria filosófica existencialista, oscilando entre o ateísmo e cristianismo e referenciando pensadores como Kierkegaard, Sartre e Camus. Há também o uso de inúmeros símbolos religiosos e a chocante subversão dos mesmos.
Sem questionamentos, Missa da Meia-Noite entra para o grupo de excepcionais obras de terror, consolidando ainda mais o nome de Mike Flanagan e sua carreira de sucesso em ascensão. Um diretor cujo trabalho deve ser acompanhado de perto não somente pelos fãs do cinema de gênero. Obrigatória.
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