Escrito e dirigido por Suzanna Nichiarelli, Miss Marx é um filme biográfico sobre Jenny Eleanor Marx, a filha mais nova de Karl Marx. Abordando, após a morte do pai, sua luta e produção teórica pelo direito das trabalhadoras e da abolição do trabalho infantil. Ao mesmo tempo, também trata de questões pessoais como o complicado romance com o médico e dramaturgo Edward Aveling.}

Apesar de ser um drama de época, o longa tenta trazer velocidade através de uma montagem dinâmica em suas transições misturando cenas com fotos e filmagens históricas ao som da banda de punk rock Downtown Boys, inclusive contando com uma versão cover d’A Internacional. Este recurso é utilizado principalmente nas sequencias em que Eleanor olha diretamente para o espectador e recita sua produção teórica integralmente, mostrando assim sua concretização no cotidiano.

Já em oposição as sequencia dinâmicas, o filme apresenta cenas bastante arrastadas ao retratar o romance de Eleanor com Aveling porém, o que poderia ser tido como uma inconsistência rítmica pode ser compreendido como uma representação da genialidade e energia de Eleanor sendo prejudicada pelas traições e dívidas de Edward.

A relação estabelecida entre a produção teórica pioneira da protagonista relacionando feminismo e marxismo é elaborada a partir das contradições que ocorrem ao seu redor, através da incoerência entre as bandeiras e as ações no campo pessoal de personalidades como Marx e Engels.

Dessa forma fazendo uma crítica necessária a visão idealizada comumente atribuída a figuras históricas e elaborando um paralelo entre a classe trabalhadora e as mulheres, compreendendo que mesmo com o fim da opressão da burguesia e a ascensão de uma sociedade comunista as mulheres não estariam livres se ainda estivessem sob o poder pais, maridos e irmãos, inclusive discutindo se esta sociedade deveria ser monogâmica ou poligâmica.

Também é apontado o machismo do operariado ao serem representados com desconfiança sobre as iniciativas de Eleanor que visam melhores condições ambiente de trabalho e o uso de crianças nas fábricas.
Embora se passe no século XIX, as questões abordadas em Miss Marx, como a luta de classes e a contradição do machismo em setores progressistas permanece absolutamente atual.


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O TERROR SEMPRE FOI IGUAL?