Matrix não deixa de ser Matrix em seu novo título, Resurrections, dessa vez comandado apenas por Lana Wachowski. Aqui Neo, já estabelecido na trilogia original como O Escolhido, volta a ser Thomas Anderson, dessa vez famoso desenvolvedor de jogos conhecidos como The Matrix.
Resurrections trabalha muito bem suas referências à trilogia original, trazendo-as como parte dos jogos supostamente desenvolvidos por Anderson. Nesse quesito, contudo, se torna indispensável ter assistido aos outros filmes (ou minimamente conhecer seus momentos mais marcantes) para que essas cenas funcionem do jeito que Wachowski pretendia.
Em outros casos eu consideraria uma prepotência da criadora assumir que todos os espectadores já conhecem sua obra prévia ao assistir seu novo filme, mas estamos falando de Matrix. É seguro assumir que Matrix já cruzou sua vida em algum momento.
Resurrection é literalmente um recomeço. As sequências de início são praticamente idênticas às do primeiro filme, introduzindo os novos revolucionários que estão atrás de Neo que não está sendo perseguido, mas sim protegido dentro de uma realidade que ele questiona ser real. É assim que volta às origens, mas surpreende pela abordagem completamente diferente da original.
Temos a inserção do chefe (Jonathan Groff), o elo fraco do filme por não ter um papel consistente, e do terapeuta de Anderson (Neil Patrick Harris), sem entregar muito: um personagem fundamental para a narrativa. Ele é a proteção entre essa nova realidade e aquilo que Neo começa a se lembrar, questionando a própria sanidade.
Trinity aqui é Tiffany, outra que não se lembra da jornada passada ao lado de Neo e Morpheus. Temos então uma resposta para o final do último filme da trilogia (para aproveitar melhor, deve assistir tudo. Não é necessário, mas são filmes bons e eu recomendo). Em um filme que confunde por demorar a estabelecer um conflito, Tiffany se torna um objetivo concreto. Infelizmente um pouco tarde, o que pode tornar o caminho até ali um tanto cansativo.
Resurrections prova ser uma verdadeira ressurreição de um clássico, não se perde em seu próprio universo — pelo contrário, respeita sua jornada e abraça o novo, abrindo espaço para que permaneça atual e garantindo mais uma vez que se torne uma obra atemporal.
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