Escrito e dirigido por pelo cineasta colombiano David David, La Frontera acompanha a gestante Diana (Daylin Vega Moreno), que sobrevive assaltando viajantes na fronteira entre a Venezuela e Colômbia, junto com seu marido (Nelson Camayo) e seu irmão (Alejandro Aguillar). Porém, trágicos eventos tornam sua realidade ainda mais dura.

Contextualizado em meio à crise política de 2019, na qual o governo venezuelano passava por tensões internas e externas e decretou o fechamento das fronteiras com os países vizinhos, o longa utiliza o recorte da história da gestação de Diana para fazer uma denúncia da situação dramática da população que vive na fronteira entre os dois países. Exemplificando como questões de proporções geopolíticas acabam por impactar de maneira extrema a vida das pessoas, principalmente das camadas mais empobrecidas da sociedade.

Inclusive, fazendo um paralelo com a situação fronteiriça entre os Estados Unidos e o México ao mostrar um pronunciamento de Donald Trump sobre o assunto na televisão de um bar em que Diana vai para pedir esmolas.

Para denunciar esta situação, David David aposta em uma linguagem extremamente realista, na qual há uma sucessão de eventos trágicos com escassos momentos de leveza. Sendo estes em sua maioria ligados a canções populares ou à personalidade estravagante de Chalis (Sheila Monterola), uma mulher urbana introduzida posteriormente na realidade da protagonista. E embora trabalhe em uma chave realista, o filme é permeado por passagens surrealistas nos sonhos de Diana, nos quais sua realidade e elementos culturais e religiosos da região se misturam.

Crítica: La Frontera (2019, de David David) | Minha Visão do CinemaEmbora não haja a pretensão de retratar suas personagens como figuras idealizadas, o filme deixa claro sua posição ao representar as classes populares como heroicas e a classe dominante, em seus diversos níveis de poder, como seus algozes. Exemplo claro desse retrato, é a explicação de que os assaltos cometidos pelo trio são necessários à sua sobrevivência, uma vez que o trabalho de Diana como artesã e o de seu irmão e seu marido como carpinteiros são insuficientes para assegurar condições mínimas de subsistência.

Já a relação de violência das classes dominantes é expressa de diversas formas, como a precariedade do sistema de saúde, a constante vigilância de militares, a negação de direitos básicos, o abuso vindo de pequenas autoridades e o próprio impacto do fechamento da fronteira.

Em sua essência, La Frontera é um filme que trabalha a questão da expectativa. Apesar retratar apenas as semanas finais da gestação de Diana, é trançado um paralelo entre a espera pela reabertura da fronteira e o nascimento da criança. Espera esta que faz com que a perspectiva temporal parece alongada em função da incerteza e da necessidade de gestão de recursos escassos.

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