“Sem razão, sem consciência, sem compreensão. Nem o simples sentido de vida ou de morte. Do bem ou do mal. Certo ou errado.”

 

Atenção: este texto NÃO contém spoilers

O grande risco que uma grande franquia corre ao anunciar uma trilogia, principalmente se a produção for de terror, é conseguir manter a tensão do primeiro filme e a expectativa para o desfecho da história ainda no segundo filme. Infelizmente, David Gordon Green não consegue tal feito em Halloween Kills, cuja estreia aconteceu nos cinemas de todo o país no último dia 14.

Em sua produção recém-lançada, o diretor e roteirista (ao lado de Scott Teems e Danny Mcbride) explora não apenas a figura do famoso serial killer Michael Myers, mas também os reflexos de seus atos violentos na comunidade de Haddonfield. Desta vez não acompanhamos somente Laurie Strode e como suas interações com o assassino afetaram a sua vida e a de sua família, mas também os demais sobreviventes dos atos de Myers ao longo de mais de quatro décadas.

Os abalos psicológicos e emocionais afetam desde as crianças que eram cuidadas por Laurie na noite do primeiro massacre em 1978, até mesmo a enfermeira que sobreviveu ao ataque de Michael quando o mesmo fugiu do Hospital Psiquiátrico. Também ficamos a par dos desdobramentos trágicos que marcaram a vida do oficial de polícia que realizou sua prisão, Officer Hawkins, interpretado por Thomas Mann e Will Patton.

A premissa de Gordon Green em focar um de seus filmes no medo propriamente dito e na forma como o “mal encarnado” é capaz de afetar a sociedade é boa mas não prende o espectador, transformando Halloween Kills em um grande filme de interseção, uma espécie de “ponte conectora” entre o início de o fim de sua trilogia.

A intencional crítica político-social proposta pelo roteiro é facilmente compreendida, mas no que se relaciona à trama como um todo pouco se acrescenta ao desenvolvimento da obra. Alguns ganchos são deixados para a terça e última parte, e apesar de existirem personagens com grande potencial de desenvolvimento, não é o suficiente para deixar o espectador ansioso pelo próximo filme.

Halloween Kills não cumpre o que se propõe e nem responde às expectativas criadas pelo filme anterior. Há uma intenção em abordar e desenvolver a infância e amadurecimento de Myers mas isso se perde já no segundo ato do filme, o que é uma pena, pois enriqueceria muito a história e o universo como um todo já que a curiosidade acerca das motivações do assassino sempre foram um ponto em aberto na história.

Para a audiência, fica a sensação de que o cineasta buscou abordar a história particular de um número extenso de personagens, e acaba por não conseguir aprofundar nenhum. Mesmo as cenas da filha de Laurie, Karen, interpretada por Judy Greer, que possuem uma maior carga dramática são mal exploradas e dirigidas.

Mais uma vez Jamie Lee Curtis rouba as poucas cenas em que está presente, o que dá uma lufada de esperança aos fãs que aguardam o próximo e último filme da trilogia, intitulado Halloween Ends e com estreia prevista para o segundo semestre de 2022. Como o próprio título sugere, acredito que os telespectadores verão pela última vez um embate entre a final girl Laurie Strode e o serial killer Michael Myers.

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Amanda Luvizotto é arquiteta, crítica de cinema formada pela Academia Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. Integrante do grupo Mulheres no Terror, estuda sobre o papel da mulher no cinema e tem na leitura um de seus grandes prazeres. Estudante de cinema e eterna fã e defensora de Xavier Dolan.