Aprendi com a crítica que ela é uma extensão da experiência de ver um filme. Pessoalmente, eu diria que o filme para ser bom deve minimamente se fazer entender por si só. Um pensamento contraditório e que, de certa forma, não se aplica aqui.

Desde o início, Ghostbusters: Mais Além (no original, Afterlife) se apresenta como uma homenagem a Harold Ramis, criador e intérprete de Egon Spengler que faleceu em 2014. O longa segue a história de sua filha Callie (Carrie Coon) e seus netos: o adolescente sem aparente personalidade ou necessidade nas primeiras horas de filme Trevor (Finn Wolfhard) e a verdadeira protagonista, a criança-prodígio e entusiasta da ciência Phoebe (McKenna Grace). Enquanto Callie ressente a ausência do pai em sua vida, Phoebe passa a desvendar seu passado como cientista do sobrenatural, mesmo que a garota, a princípio, não acredite em fantasmas.

O longa demora para engatar de fato, arrastando-se com uma atuação monótona de McKenna Grace com eventuais picos de comédia guiados por Paul Rudd, intérprete do professor Gary Grooberson, e pelo timing certeiro do jovem Logan Kim, intérprete de Podcast. Os três são a atração principal que alimentam o desenvolvimento de personagem um tanto rápido de Phoebe, que de uma cena para outra passa de não acreditar em fantasmas para jogar xadrez com um. Aqui ela recebe o crédito do próprio significado que o filme dá à ciência: algo perigosamente fascinante.

Finn Wolfhard é esquecido em uma trama paralela de se enturmar com os jovens da cidade que nem mesmo recebem nomes. Sua utilidade só é mostrada quando, por fim, um quarteto é montado para enfim fazer o que vieram fazer:

Caçar fantasmas? Talvez. Mas não aqui, não somente isso. Os personagens, os atores e o filme em si está ali como uma ode ao clássico que marcou uma geração e continua cativando as seguintes, mesmo tendo iniciado um hiato de 27 anos desde Os Caça-Fantasmas 2 (dirigido por Ivan Reitman, que aliás é pai de Ivan Reitman, diretor desse filme) até o predecessor do atual, o polêmico As Caça-Fantasmas de 2016, estrelado por um elenco feminino que deu o que falar (e a incomodar).

O filme ignora As Caça-Fantasmas de 2016, cujo conteúdo é pura comédia e efeitos absurdos, confeitado pela comicidade cativante de Chris Hemsworth, para manter a coerência cronológica e o tom de continuidade ao clássico Ghostbusters. No entanto, não pude deixar de lembrar de momentos dignos de gargalhadas do filme de 2016 quando piadas falhas surgem na narrativa desta nova produção.

Sequências de ação com estética superior aos anteriores, e ainda assim de certa forma se mantendo fiel aos efeitos clássicos, fazem valer todo o tempo que pareceu perdido nos primeiros momentos de filme. Mas darei uma folga aqui pois, como disse anteriormente, um bom filme deve se fazer entender por si só. Já sobre a contradição, só será possível entender na experiência de uma sala de cinema.

Para alguém que esperava rir mais, acabei me decepcionando. Mas Ghostbusters: Mais Além não decepciona com momentos especiais dedicados àqueles que apreciam a história e se apegaram ao clássico. Sem dar spoiler: mesmo que não arranque gargalhadas, certamente arrancará algumas lágrimas.

Ghostbusters: Mais Além estreia dia 18 de novembro nos cinemas e possui duas cenas pós-créditos.

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Formada no curso técnico em Produção de Áudio e Vídeo da FAETEC, bacharelanda em Cinema pela Estácio. Atriz, roteirista, dramaturga e a maior fã de Neil Gaiman a pisar nesta Terra.