Produção turca original da Netflix, Filhos de Istambul é dirigido por Can Ulkay e aborda a desigualdade social e a difícil situação dos órfãos nas ruas do país. No filme acompanhamos Mehmet, um homem caridoso e carismático que comanda um pequeno centro de coleta de recicláveis, mas sua vida muda quando o pequeno Ali aparece escondido na carroça de um de seus coletores.
Embora a narrativa trabalhe com a premissa bastante clichê do homem que tem seu coração amolecido por uma criança inesperada, que em um primeiro momento apresenta dificuldades de comunicação, a obra se esforça pra criar cenas tocantes entre os dois. Dessa forma, estabelecendo a relação paternal de Mehmet com Ali a partir de sua identificação com o menino por também ter crescido na rua sem mãe.
Porém, na mesma medida em que se esforça para criar cenas tocantes, também se esforça para criar cenas de extrema dramaticidade, gerando assim uma sucessão de momentos forçados que parecem desconexos entre si, inclusive contando com cenas músicas, que quebram totalmente a abordagem realista que o filme tenta buscar.
Além disso, o filme apresenta problemas no desenvolvimento de seus personagens, em especial do protagonista Mehmet, sua doença nos rins em momento algum é explicada, servindo apenas para intensificar a dramaticidade do personagem. Por fim, o filme tenta sanar seus problemas de roteiro e desenvolvimento apostando em um plot twist forçado e explicativo, reforçando assim sua fragilidade. Apesar desses problemas, Çagatai Ulusoy, que interpreta Mehmet, consegue entregar uma performance surpreendente e comovente.
Um dos méritos do filme fica por conta de sua direção de fotografia, se destacando ao retratar de maneira bela as paisagens belas de Istambul e dar vida aos ambientes empobrecidos da cidade, em especial em suas cenas noturnas nas quais são utilizadas cores vibrantes e contrastadas.
Apesar de seus problemas de roteiro e suas e suas premissa pouco inovadora, o filme cumpre sua missão de expor a desigualdade social e a situação dramática dos órfãos nas ruas de Istambul e conta com cenas dinâmicas bem dirigidas, ainda que um tanto desconexas entre si. No geral, se apresenta como um convite interessante para conhecer um pouco do cinema turco.
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