Em “Eternos”, o novo filme do Universo Cinematográfico da Marvel, Chloé Zhao teve a difícil tarefa de apresentar os novos personagens dos quadrinhos criados por Jack Kirby na década de 70. Essa parte da mitologia da Marvel não é muito conhecida nos quadrinhos (assim como eram os Guardiões da Galáxia), e por isso e mais outros que possui uma complexidade em ser feito.
Kirby criou uma imensa gama de personagens e elementos que inspiraram diversos quadrinistas e filmes até os dias de hoje e que esta semana a sua adaptação chega aos cinemas.
O produtor executivo da Marvel Studios, Kevin Feige, contratou Chloé Zhao (vencedora do Oscar de melhor diretora deste ano por “Nomadland”) depois de realizar o filme bem premiado “The Rider” e tinha desde o início o desejo de realizar uma obra mais disruptiva.
O que geralmente é alvo de crítica aos filmes do subgênero de super heróis da Marvel Studios é a sua fórmula que muitas vezes pode deixar a produção mais genérica. Chloé ajudou a roteirizar junto a Patrick Burleigh e Ryan Firpo, juntos fizeram uma boa adaptação dos quadrinhos, apenas mudando alguns elementos de origem dos protagonistas que não ferem a obra de Kirby.
Tudo isso serviu para se adequar ao UCM, bem como facilitar na explicação para o espectador e nada das mudanças afetou na construção dos personagens que inclusive são muito bem apresentados. Com um extenso elenco composto por Gemma Chan (que já participou de “Capitã Marvel”), Richard Madden (“1917” e “Game of Thrones”), Angelina Jolie (“Malévola”), Salma Hayek (“Frida”), Brian Tyree Henry (“Atlanta” e “Coringa), Lauren Ridloff (“Som do Silêncio”), entre outros nomes de peso, todos os personagens foram muito bem introduzidos em suas longas duas horas e meia bem aproveitadas de duração.
Além disso, Chloé consegue firmar o seu estilo e o filme será marcado pelo quesito em ter mais locações reais do que o uso de tela verde. A diretora cria cenas contemplativas e enquadramentos de câmera contra-plongée para deixar os protagonistas com um ar de onipotência. Graças a isso, a obra da um show quando se trata de fotografia e direção de arte – que teve um grande desafio em adaptar as ilustrações kirbynianas.
Vale o destaque que a Chloé consegue quebrar rupturas impostas nos filmes da Disney que foram estabelecidos por eles mesmos ao longo da história, e isso da a entender que estão dispostos a mudar. A partir do momento em que se é colocado um casal LGBTQIA+ e a inclusão de personagens PCD, fica claro o objetivo de criar uma nova leva de filmes com mais diversidade – e por isso essa atitude pode desagradar alguns “fãs”. Entretanto, ainda existem alguns elementos da fórmula Marvel – como as piadas feitas quando certas ocasiões passam a ficar mais sérias – mas tudo é feito com cautela e nos momentos certos.
“Eternos” foge do padrão e do espetáculo midiático constante, assim estabelecendo uma inovação do subgênero podendo inspirar os filmes dos próximos anos. Ele se distingue pois impõe dilemas morais nos heróis (que são expostos como deuses) e os coloca em situações obscuras. Diferente de outros filmes do estúdio, esse te deixa pensar, respirar e se questionar junto aos protagonistas; e nem pense em desligar o cérebro para assistir.
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