Pouco mais de um ano depois de sua estreia, Emily em Paris lança sua segunda temporada. Depois de uma temporada de adaptação no trabalho num outro continente, dificuldades com o idioma e inúmeras confusões amorosas com clientes, chefs gastronômicos e irmãos de amigas, ganha-se uma nova perspectiva de Emily. A personagem, agora mais inserida no ambiente francês, busca resolver questões emocionais mais complexas e desenvolver-se tanto profissionalmente, quanto individualmente.

O foco principal dessa segunda temporada é o triângulo amoroso entre Emily, Gabriel e Camille. Apesar de demonstrar uma dinâmica envolvente e ótima química entre Gabriel e a protagonista, a falta de identificação fica no caminho do espectador para uma experiência de imersão mais satisfatória. Emily é um mar de problemas e superficialidade, uma personagem sempre apresentada com um nível alto de perfeição e nível algum de profundidade emocional.

Dessa forma, fica difícil comprar qualquer arrependimento seu em relação à traição de sua amiga, e muito menos de seus sentimentos pelo chef. Em meio a figurinos perfeitos e ações que nunca recebem as devidas consequências, Emily Cooper é uma protagonista rasa e um pouco enjoativa de ser assistida ao longo de dez episódios.

A problemática desse triângulo ocupa o maior tempo de tela dessa nova temporada, e o resto da trama se divide em mostrar um pouco da jornada de Mindy na música, e o crescimento de Emily dentro do trabalho. As canções cantadas pela coadjuvante ao longo dos episódios são excelentes e dentro do ambiente da agência, os colegas de Emily e sua chefe também mostram, mesmo que em pouco tempo, nuances interessantes e deixam a desejar que tenham mais destaque futuramente. 

Outro adendo sobre os novos episódios é que busca-se uma clara redenção sobre a forma como os franceses foram retratados na primeira temporada. O burburinho em volta das personagens arrogantes e preguiçosas na estreia da série foi de conhecimento geral, e no desenvolvimento dessas novas tramas, a dinâmica se inverte e a classe francesa é reverenciada, enquanto os americanos se tornam os alvos do deboche.

Assim, entre novos e velhos pretendentes, amizades desfeitas e fortalecidas, e chefes americanas e francesas, Emily navega nessa nova temporada com o humor suave digno de atenção no final de um ano tão cansativo. A série é leve, engraçada e superficial e isso é o seu maior defeito, e sua maior qualidade.

Para aqueles que procuram roupas bonitas e clichês românticos, Emily em Paris é perfeita. Contudo, para o público que busca algo mais substancial ou que ao menos almeje algum nível de profundidade dramática, a série já se torna obsoleta.

Emily em Paris é o que é, e seria inútil esperar um despertar sociocultural da série numa próxima temporada. É uma obra que vive das cores e sabores de romances premeditados e piadas já contadas, e quando analisada despretensiosamente, pode se tornar um bom presente de Natal para o público que já teve drama o suficiente no cotidiano desse ano de 2021.

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