O primeiro filme do diretor Murat Çeri acompanha a vida de Tarik, um menino de oito anos que sofre um acidente de carro com a família (seu pai morre e a mãe fica em coma). O garoto perde a memória e é enviado a um vilarejo para morar com os avós.

“Em Meus Sonhos” apresenta essa mudança no personagem da forma mais natural possível. Tarik (Harun Reha Pakoglu) possui enorme dificuldade de fazer novas amizades e a pequena cidade é nova para o garoto.

Podemos facilmente lembrar do filme “Os Incompreendidos” (de François Truffaut), onde acompanhamos Antoine Doinel na dificuldade de se encaixar na própria família, mas usando a rua como escape. Sob esse aspecto, os coadjuvantes reforçam o sentimento da história.

Em uma cena, Tarik tenta se provar para outros meninos ao tentar chegar perto de uma  árvore. Çeri evoca uma atmosfera tão perigosa (com sons intensos que remetem a uma cobra) que o personagem desiste do desafio. No entanto, a sequência é tão bem decupada para intercalar a ameaça da árvore e a hesitação do jovem que gera uma empatia pela determinação inicial do garoto (mesmo não concluindo o desafio).

Contudo, o filme se dedica em vários momentos a explorar personagens que pouco somam ao roteiro. Como é o caso do mendigo/doido da vila que é fotografado com a maior beleza possível das paisagens, mesmo sem acrescentar em nada a narrativa.

Esses momentos revelam o interesse do diretor em exaltar mais a beleza das locações do que em tornar os personagens mais interessantes. Pois ele preenche o filme com esses momentos sabotando ritmo e mensagem da história

Sendo assim o resultado é um conjunto de coadjuvantes vazios que pouco aprofundam a sensibilidade do roteiro.

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O TERROR SEMPRE FOI IGUAL?

Estudou cinema na escola Cinema Nosso e é formado em Estudos de Mídia. Roteirista, futuro diretor e colecionar de HQ. É editor chefe do Canal Claquete. Odeia arrogância no cinema.