Adaptações e remakes sempre foram algo recorrente em Hollywood. Até hoje, nos cinemas, chegam obras criadas para resgatar histórias que, no passado, conquistaram o público. Com as cinebiografias ou filmes biográficos (chame do que quiser) não é diferente.
Muitas dessas histórias buscam narrar a vida de uma grande personalidade dando uma atmosfera de misticismo, desconstrução, humanidade ou epicidade. Pois, na maioria dos casos, são figuras que possuem um apelo mundial.
Dirigido por Baz Luhrmann e escrito pelo mesmo (junto com Sam Bromell e Craig Pearce), temos a crônica do rei do rock: Elvis (vivido por Austin Butler) que nos levará aos caminhos do astro que saiu do interior estadunidense até o ápice da fama.
Luhrmann compreende perfeitamente o personagem e joga cada vez mais o espectador para próximo do cantor. Durante toda projeção temos closes no olhar sedutor do Elvis. E quando não há conflito na troca de olhares, o astro fixa diretamente para o público.
Seria para seduzir? Mostrar confiança? De certa forma sim.
Mas também é um olhar de socorro. Um pedido que surge no segundo ato do filme quando é pontuado sua humanidade e sonhos. No entanto, outras obras já repetiram isso. Tanto em Bohemian Rhapsody (2018) ou em Jobs (2013) vemos características semelhantes.
No primeiro, Freddie Mercury (Rami Malek) faz repetidas vezes um olhar perdido para expressar a solidão. No segundo, temos planos mais abertos para mostrar o quanto Steve Jobs ( Ashton Kutcher) é frágil e anda um tanto curvado.
Em Elvis, o diretor consegue algo mais interessante. Faz um contraste do semblante do cantor com a perda de luz em sua vida. Nem mesmo morar na parte mais alta do hotel faz a claridade entrar.
Contudo, o maior acerto de Luhrmann está na montagem e na escolha do ponto de vista.
O filme é construído em um ritmo pulsante que dialoga incrivelmente com a figura mítica da obra. Muitas cenas são montadas para intercalar o segmento da história (informações ou conflito) com trechos que exaltam emoção (momentos reais do cantor ou seus movimentos seduzentes).
Pois Elvis é visto (e enganado) pela figura do Tom Parker (Tom Hanks). Um empresário sem escrúpulo algum para manter o Rei do Rock sob o seu controle. A composição do vilão é interessantemente diabólica pela voz. Sempre que abre a boca para falar algo, o som de um senhor inocente e sem maldade entra em nossos ouvidos. Mas não se engane. O coronel é tão canalha que tenta enganar até mesmo o espectador ao afirmar no início do filme que não é “vilão algum”.
Embora Elvis não tenha conseguido fazer sua tão desejada turnê internacional, é reconfortante ver Baz Luhrmann levar o nome do astro para os quatro cantos do mundo com um respiro de qualidade para os filmes biográficos.
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