A Netflix já é conhecida por explorar as comédias românticas em suas obras originais. O gênero, muito difundido pelos Estados Unidos, acaba por seguir padrões e clichês que dificilmente agradam o público. Diga-me Quando, dirigido por Gerardo Gatica, é, infelizmente, um exemplo. Gatica foi produtor do drama mexicano (belíssimo, por sinal) I’m No Longer Here. No entanto, como diretor, suas escolhas não fazem o menor sentido.
Em Diga-me Quando, tudo acontece de forma apressada. Logo nos primeiros minutos, a câmera faz um travelling para apresentar o protagonista, Guillermo (Jesús Zavala), sua casa e a família. Guillermo, ou Will – seu apelido -, foi criado pelos avós. Logo após a morte do avô, o jovem decide que vai cumprir uma lista de coisas essenciais a fazer na Cidade do México, que seu avô lhe deixou de presente. E, ainda no primeiro ato, muitos erros são notados. Guillermo é um jovem entre 25-30 anos, aparentemente workaholic. Antes do avô falecer, ele não saía do celular e precisava conversar com o chefe nos finais de semana. Era o típico caso de pessoa que não consegue dar valor à família porque está concentrada no trabalho. Porém, todas essas nuances de personalidade são exploradas em menos de cinco minutos e logo são esquecidas. De uma hora para a outra, Guillermo vai em busca dos desejos do avô e não liga mais para o trabalho.
O diretor parece confuso quanto à proposta. Ora se leva a sério, ora quer ostentar um filme pré-adolescente com piadas de gosto duvidoso. A montagem é extremamente genérica e passa a ideia de um episódio piloto de uma série esquecível. Quando o espectador acha que não dá para piorar, o filme força um romance entre Guillermo e Dani (Ximena Romo). Há diversas maneiras de mostrar a química entre um casal: olhares minimalistas, a construção de um espaço em comum, a posição dos personagens na mise-en-scène etc.
Aqui, Gatica decide, como em um passe de mágica, que eles vão se beijar. A trilha romântica é escrachada juntamente com o clichê efeito bokeh. Em nenhum momento, durante o desenvolvimento da narrativa, houve qualquer indício de que Dani gostava de Guillermo. Mesmo assim, o homem não aceita ser apenas amigo dela. Ainda há um agravante machista que o filme romantiza. A moça deixa claro, desde o primeiro e único beijo deles, que não quer estragar a amizade dos dois. Com isso, Guillermo enlouquece e dá início a um surto de carência insuportável de assistir. Um homem de 30 anos agindo como uma criança de 13 não é fácil.
O filme insere elementos e personagens sem nenhuma razão plausível. Até quando tenta ser engraçado acaba falhando. O que parecia ser uma produção sobre autoconhecimento através da família e de laços importantes de amor, se torna uma desculpa para apenas uma pequena interrupção na rotina e um romance sem graça. É um filme sem vida.
________
Escute nosso PODCAST no: Spotify | Google Podcasts | Apple Podcasts | Android | RSS
Siga-nos no INSTAGRAM
Entre para o nosso grupo no facebook AQUI
Curta nossa página AQUI
.
.
.
COMO SPIELBERG FILMA?