Nesse mês de Outubro a Netflix lança mais um filme nigeriano no streaming, “Swallow”(2021), ou Difícil de Engolir que é dirigido por Kunle Afolayan e baseado em um romance escrito por Sefi Atta que também o roteirizou. A dona vermelhinha possui em seu catálogo uma extensa gama de filmes de Nollywood, que nos últimos anos vem se tornado um dos mais lucrativos do mercado.

A indústria cinematográfica da Nigéria é atualmente a que mais produz filmes no ano, ficando atrás apenas da Índia e além disso, gera 600 milhões de dólares por ano e emprega mais de um milhão de pessoas.

O longa conta a história de duas amigas, Tolani (Niyola Eniola Akinbo) e Rose (Ijeoma Grace Agu) que trabalham no mesmo lugar e dividem a mesma casa. Entretanto, após a demissão de Rose e a transferência de Tolani, as duas passam a enfrentar mais problemas em seu cotidiano.

Rose passa a se envolver com tráfico de drogas (engolindo pacotes de cocaína) como também Tolani é constantemente abusada pelo seu novo chefe e encara dificuldades em denunciá-lo. A obra aborda as dificuldades de uma mulher no ambiente de trabalho e também traz questões delicadas como a da criminalidade no país, uma vez que nos dias de hoje é alvo de crime organizado e transporte de drogas para outros países.

Dessa forma, o título pode ser interpretado de duas formas. O primeiro é em seu sentido literal, ou seja, o ato de Rose engolir embalagens de cocaína para conseguir levar as drogas guardadas em seu estômago para o aeroporto. Em seu sentido figurado, seria o caso de Tolani, já que não é nada fácil ter que tolerar constantes assédios do superior e não aguentar mais sofrer calada.

Existe também uma abordagem sucinta que o roteiro coloca sobre religião: o resgate da origem da protagonista é essencial para trazer lucidez à sua mente e ajudar a solucionar problemas no presente.

As subtramas estabelecidas ajudam a dar sentido às futuras ações das personagens na trama principal, além de explicar melhor o sentimento carregado por elas e assim trazendo mais camadas para sua construção. Vale destaque para direção de arte na apresentação das personagens e escolha do elenco.

O texto e a atuação conseguem gerar boas cenas, pois esses entregam boas interpretações, bem como a fotografia anuncia previamente ocasiões que estão por vir. O único pecado é a montagem que possui excesso de cortes em alguns diálogos e também cenas que poderiam ser retiradas para dar mais dinamismo ao filme.

No fim de tudo, “Difícil de Engolir” consegue cumprir sua proposta de executar um drama que mostra dores reais. Em nenhum momento ele abusa da violência ou sofrimento alheio para entretenimento (como o caso da série “Them” do Prime Video), pelo contrário, o filme deixa um ar de otimismo e esperança no final.

E assim ele se conecta com muitas brasileiras, principalmente as mulheres negras que são as que mais sofrem em casos de violência, que mais tem dificuldade em ascender no mercado de trabalho e as principais vítimas da disparidade socioeconômica.

“Se você tiver algum problema, deve rezar para Orunmilá. Orunmilá é o espírito da sabedoria. Todas as divindades que Deus criou foram criadas para nos ajudar. Xangô e Ogum são divindades que ajudam todos nós a termos força e coragem. E Iemanjá é uma mulher compassiva. E existe também uma divindade chamada Oxum, a orixá das crianças. A divindade dos filhos abundantes. Quem é infértil reza para Oxum. Lembre – se disso. Não quero que se esqueça.”

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