Coronation é um documentário produzido pelo artista e ativista chinês Ai Weiwei, que vai para Wuhan, a cidade de origem do Corona Vírus e acompanha o processo do início ao final do severo lockdown instituído na cidade, sendo filmando entre 23 de janeiro e 8 de abril.

Se valendo de uma equipe bastante reduzida e utilizando smartphones e câmeras compactas para realizar as filmagens em áreas de difícil acesso, Ai Weiwei nos apresenta um balanço das ações do Partido Comunista Chinês para conter a pandemia, seus efeitos no controle da situação e o impacto gerado no cotidiano da população na província. Com auxílio de sua sócia Wang Fen, que possui parentes na cidade, o diretor acompanha diferentes perspectivas ao conversar com os cidadãos da província, incluindo profissionais da saúde, voluntários e idosos.

Através de longos e impactantes planos, sonorizados apenas com os ruídos dos equipamentos médicos, podemos observar de maneira bastante chocante grave situação da província no início do ano e a preocupação sobre a forma como as imagens captadas seriam veiculadas. Pouco a diante no documentário, podemos observar em timelapse a impressionante construção dos hospitais de campanha para lidar com a situação.

Já no interior do hospital, somos introduzidos aos rigorosos e demorados protocolos de segurança seguidos pelos médicos, que acompanhamos em tempo real. Burocracia esta que se manifesta em todos os níveis do cotidiano dos habitantes da província, como podemos observar no encontro com um voluntário que é impedido de transitar para fora da província, sendo obrigado a dormir em seu carro enquanto tem seu problema passado de um autoridade para outra.

Weiwei também dialoga com a população idosa de Wuhan, que demonstra enorme admiração e gratidão com o partido e a Mao Tse-tung, exaltando suas ações e citando sua obra, de forma a concorda quase que integralmente com as medidas tomadas pelo governo. Porém, embora possa parecer uma devoção cega num primeiro momento, a entrevistada reconhece ainda que contrariada as falhas e autoritarismos do governo, mas acaba por enxerga-las como ações pragmáticas.

Ainda nesse segmento, são feitas críticas a maneira como os demais países do ocidente, em especial os Estados Unidos, não só lidam com a pandemia de maneira negligente, mas também impossibilitam o tratamento dos infectados em função de um sistema de saúde privado.

Para além de um documentário sobre a gestão da crise do Corona vírus, Coronation nos apresenta uma síntese da China contemporânea, apontando sua eficiência em lidar com a pandemia, ao mesmo tempo que questiona o custo pelas liberdades individuais da população e como as burocracias do estado chinês interferem até nos ritos fúnebres da pessoas afetadas pelo vírus.


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O TERROR SEMPRE FOI IGUAL?