O novo filme de Ridley Scott é mais saboroso do que o esperado, dado o currículo do diretor. Casa Gucci, mesmo que não vendida como tal, se inicia como uma comédia gostosa de se assistir, do tipo que te faz esquecer que você terá de aguentá-lo por quase três horas. Se for assim, melhor que seja algo agradável de se ver, certo?

Estrelado pelo ícone da música pop Lady Gaga, consideravelmente recente no mundo da atuação sua performance mais marcante foi o drama Nasce Uma Estrela, indicado ao Oscar em oito categorias —, a versatilidade que a cantora demonstrou ao longo de uma carreira de reinvenções é notória em sua personificação de Patrizia Reggiani, quem contratou um assassino de aluguel — se tratando de um caso real, não é exatamente um spoiler — para matar o ex-marido Maurizio Gucci, que na época liderava a marca de luxo Gucci.

Em questão de narrativa, o que nos interessa é como o filme parece dar mais importância para a capacidade de Reggiani de manipular os Gucci do que de fato seguir o clichê de um mistério. Como eu disse anteriormente, o filme é praticamente uma comédia longe de ser romântica, onde até as cenas de sexo parecem piadas visuais.

Logo de cara vemos o crescimento da relação entre Patrizia, sempre manipuladora e claramente interesseira, e Maurizio, o ingênuo filho de um empresário que se considera praticamente nobre. A atuação sempre impecável de Adam Driver (Star Wars, História de um Casamento) nos faz ter dó de Maurizio sabendo de seu final trágico, ao mesmo tempo que nos divertimos com um personagem cativante. É possível defini-lo como o personagem-guia da narrativa, aquele pelo qual o espectador será conquistado para vivenciar a diegese como se fosse parte dela.

Me surpreendeu a performance de Jared Leto — não questionando suas habilidades como ator, tendo ele brilhado em Clube de Compras Dallas —, a qual eu temia ser resumida a puramente maquiagem para torná-lo irreconhecível. Leto é o protagonista da comicidade de Casa Gucci, nos servindo o personagem Paolo Gucci que, como descrito pelo próprio pai Aldo Gucci (Al Pacino) como “um idiota”. Este idiota se mantém um idiota pelo resto do filme. Aliás, é sua idiotice que, de certa forma, move a trama e entrega de bandeja o que Patrizia precisa para conquistar o império Gucci.

Conforme o filme avançava, comecei a questionar se as quase 3 horas de filme eram realmente necessárias. A falsidade de uma esposa que não amava o marido mais do que amava o padrão de vida que o casamento proporcionava já se tornava história velha que parecia não ter fim, e você só deseja que Maurizio morra logo e acabe com aquilo. Gaga demonstra falhas nas cenas de teor dramático, onde a verdade era necessária, demonstrando-se rasa.

Seu sotaque se torna cansativo — aliás, esse filme parece ser uma competição de quem tem o sotaque italiano mais caricato, mas esqueceram de avisar Adam Driver. Me fez questionar o porquê de não terem feito um filme em italiano. Numa visão geral, conclui-se que Casa Gucci falha em sua proposta de ser um drama criminal quando os crimes que ocorrem não são levados a sério, ou são esquecidos facilmente. Quanto ao crime principal, desaponta como o momento mais esperado da história.

No entanto, esse “pequeno” erro de divulgação não torna o filme ruim, apenas vá ao cinema com a mente aberta e aproveite uma grata surpresa. Mas se você for só para ver Salma Hayek, esqueça. É apenas figuração de luxo.

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Formada no curso técnico em Produção de Áudio e Vídeo da FAETEC, bacharelanda em Cinema pela Estácio. Atriz, roteirista, dramaturga e a maior fã de Neil Gaiman a pisar nesta Terra.