Neste 4 de Maio chega aos cinemas Bem-Vinda, Violeta,  segundo longa-metragem ficcional de Fernando Fraiha. O filme, produção latino-americana de Brasil e Argentina, é inspirado no romance  “Cordilheira”, do escritor brasileiro Daniel Galera. Com passagem por festivais, recebeu o Troféu Redentor no Festival do Rio (melhor atuação de Grandinetti), assim como melhor filme no Festival de Austin e ainda o Melhor Longa-metragem de Ficção no Spirit Award.

Filmado na Patagônia argentina, pode ser interpretado como um drama com pitadas de thriller. Traz uma escritora, Ana (Débora Falabella), que ingressa em um laboratório literário, num local isolado na Cordilheira dos Andes. Para terminar o seu livro, Ana embarca em um método intenso e não convencional, desenvolvido pelo escritor sádico Holden (Grandinetti), conhecido por queimar suas obras.

“Não há nada mais perigoso que um escritor motivado”

Já de início percebe-se que a insegura Ana percorrerá uma longa jornada emocional, repleta de turbulências. Há traumas profundos, desde a infância, ainda não curados e refletidos em sua escrita e personalidade. Entre dinâmicas propostas por Holden, a protagonista e os outros quatro escritores têm que abandonar a si mesmos para viver como seus personagens.

Ana precisa olhar para a sua sombra interior afim de se libertar das amarras da mente durante esse processo. Ao passar a viver como personagem, Violeta, uma adolescente que seduz o professor de biologia e o leva a cometer suicídio, a auto ficção se mescla com a auto realidade. Ao se desconstruir para reconstruir, há o abandono de si, nos fazendo questionar quais os limites da exploração criativa.

Não há nada que explica melhor quem é uma pessoa do que a fantasia que ela tem”

Com presença de elipses temporais que se interligam em elipses emocionais, vemos Ana se tornar Violeta. Há planos com o foco de lado e de cabeça para baixo, traduzindo a loucura por ela vivida. Com a presença constante de uma câmera no filme, o espectador embarca na loucura dos personagens, simultaneamente,  assistindo imagens de Bem-Vinda, Violeta e imagens do laboratório de Holden se misturarem.

O ponto alto, além do roteiro adaptado por Fraiha e Inés Bortagaray é o trabalho de iluminação e fotografia, marcados por cenas de reflexo entre espelhos, janelas e água, filmados com a luz solar da Patagônia.

O mais inquietante na trama são perguntas que ficam:  até onde você se desprenderia de si? Seria possível voltar a si mesma depois de ter mergulhado em tal abismo emocional? Haverá limites na criação da obra artística?

 

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ATUANDO COMO SUPER-HERÓI