Em Awake, um evento misterioso ocorre e, repentinamente, carros param de funcionar, a energia elétrica sofre um blecaute total e tudo que tem um microchip passa a ser inutilizável. Pra completar, as pessoas também perdem a capacidade de dormir, o que desencadeia uma série de eventos violentos devido ao estresse crescente dos insones e à necessidade biológica do ser humano de tirar um cochilinho gostoso.

Antes de todas essas informações serem oferecidas ao espectador, acompanhamos uma mulher misteriosa que entra escondida em um local em tom de agente secreto. Quem não lê sinopses terá as expectativas anuladas ao descobrir que, na verdade, ela trafica remédios e estava ali para coletar a mercadoria.

Uma realidade que a própria personagem traduz como frustrante pela expressão facial que faz ao negociar com o comprador das pílulas. O nome dessa protagonista é Jill (Gina Rodriguez) e só por essa introdução já se sabe que a vida dela não está tão bem como ela gostaria.

Utilizando-se da estratégia de pista e recompensa, o filme desenvolve uma construção inicial bem feita da personagem em outros aspectos: em poucas cenas aprendemos que ela possui um passado de serviços militares, o que justifica muitas habilidades necessárias pra progredir na história. A criança menor, aliás, se chama Matilda (Ariana Greenblatt) e é uma das poucas pessoas que ainda consegue curtir um soninho depois do almoço.

Seguindo o padrão Netflix de lançamentos no quilo, o filme parece ter sido picotado para caber em um pouco mais de 90 minutos. Isso porque há saltos temporais estranhos. Vejamos a cena da biblioteca: os personagens estacionam em frente ao local e decidem o que precisam fazer lá dentro.

De repente, todos já estão acomodados no salão, a protagonista encontra a filha e inicia um discurso nervoso sobre como funciona uma biblioteca, sobre a importância da leitura e sobre a utilidade de saber usar uma arma de fogo. Espera, não ficou faltando algo ali?

Alguns planos possuem uma composição estética bonita e funcional, como na ameaça crescente que sentimos não só pelo fato de demorarmos a ver o rosto do médico que atende Matilda, mas principalmente por percebermos as mãos do profissional incessantemente trêmulas. Outras composições soam elegantes, mas vagas, como na conversa da criança com o pastor na qual um crucifixo é posto cuidadosamente ao lado do rosto de cada um em cada plano.

Mas o que esses detalhes querem dizer? Significam algo? É uma crítica à religião e ao extremismo dos devotos? Aliás, o que o filme como um todo quer falar? Fazer um comentário sobre os dogmas que a ciência supostamente impõe à sociedade? Dizer que a humanidade falhou e precisa de uma extinção seguida de um renascimento (oi, Thanos)? Não fica claro.

Os pequenos elementos que tentam fazer com que o filme funcione, como a simbologia do batismo ao final, soam vazios. A falta de envolvimento emocional com os personagens e o final abrupto só completam o fato de que Awake é um filme cheio de ideias, mas todas elas rasas.


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ELEMENTOS DO PRIMEIRO EPISÓDIO DE INVENCÍVEL

VISÃO GERAL
Avaliação
Concluiu cursos ministrados por Pablo Villaça e o Curso Básico de Cinema da Casa Amarela (Universidade Federal do Ceará). Assiste muitos filmes, lê muito sobre cinema. Embora saiba que pra vencer importa mais campanha do que qualidade, sempre se empolga com temporadas de premiação.
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