Obras que tratam sobre vampiros já se disseminaram para todos os gêneros e vertentes. Desde os clássicos Nosferatu e Drácula, esse tipo de personagem já recebeu os mais variados tratamentos, do cômico ao terror gore, do suspense ao filme teen.
Em As Passageiras, somos desde já apresentados a um universo composto ao estilo de gangues, com direito símbolos próprios e divisão por território: vampiros e humanos são separados em clãs que há mais de cem anos decidiram por uma trégua, mantendo as criaturas de dentes afiados em completo segredo.
Após um raccord (transição entre dois planos visualmente correspondentes) unindo o nascer do sol e o brilho da lâmpada do projetor em uma aula na faculdade, conhecemos Benny, a pessoa comum que será inserida no meio do alvoroço. Simpático, ele arranja com o irmão um bico como motorista para ganhar uma graninha extra. Nesse início, Benny até demonstra ser um protagonista agradável, seja por parecer ingenuamente feliz dirigindo um carro de luxo, seja pelo estilo despojado, de terno e tênis branco, combinando com a leveza do personagem.
Mas o carisma do protagonista vivido por Jorge Lendeborg Jr. não compensa as inúmeras escolhas equivocadas do projeto, a começar por um mau gosto fetichista de incluir câmera lenta sem justificativa narrativa nenhuma em diversos momentos: enquanto as mulheres saem de casa, enquanto as mulheres saem da festa, em um beijo entre os personagens, dentre outros.
As atrizes Lucy Fry e Debby Ryan, que incorporam as vampiras-passageiras Zoe e Blaire, até chamam a atenção pelos atributos físicos incorporados às personagens (a primeira possui uma boca grande, enquanto a segunda tem os dentes superiores levemente protuberantes), mas o envolvimento para por aí.
Isso porque a dose de tom solene escolhida pelo projeto faz com que todo o desenrolar de As Passageiras seja extremamente maçante de se acompanhar. Somos obrigados a testemunhar situações e a ouvir diálogos vergonhosos, que se encaixariam muito bem em uma paródia assumida, não em um filme que tenta se levar a sério como terror/thriller.
As relações que Benny constrói soam cafonas, datadas. Existe, por exemplo, uma subtrama embaraçosa de inveja e redenção com dois colegas de faculdade que está ali para criar afeição com o protagonista, mas que acaba tendo o efeito oposto, de reprovação, tamanha a artificialidade.
Como se não bastasse, há exposições extremas: ”Eu gosto mais dela do que da outra”, “Gosto mais de você do que sua amiga, ela é louca”, “Você não é como a sua amiga, você é diferente”. Amigo, eu já entendi que uma das vampiras é boazinha, a outra é má, beleza? Não precisa esfregar na minha cara.
Ao final, muitas perguntas restam sem respostas. Como Victor, o grande vilão, se esconde em um local tão frágil? Qual seria o próximo passo do plano e como pretendiam sobreviver? Como funcionam os “clubes de sangue” citados? Bem, mas isso é o que menos importa, visto que na metade do filme o espectador só quer que ele acabe logo.
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