As Nadadoras (The Swimmers), novo longa biográfico britânico da Netflix, foi o filme escolhido para o encerramento do Festival do Rio 2022. Uma história de superação que atravessa diversas barreiras em tempos difíceis, onde a esperança parece esvair.

Um retrato que por muitos pode ser identificado diante de uma crise humanitária e identitária de um povo sem esperanças, diante de políticas excludentes. Acolher, persistir e acreditar são verbos que traduzem o necessário na jornada das irmãs Mardinij, retratado na tela pela diretora e roteirista Sally El Hosaini com a contribuição de Jack Thorne.

O longa apresenta a trajetória das irmãs nadadoras Yusra e Sarah Mardinij que com o início dos conflitos na Síria, precisam deixar o seu país em busca de segurança na esperançosa Alemanha. O início do filme nos contextualiza a relação das irmãs com os pais e a irmã mais nova, ainda com o esporte e com amigos, entre festas e treinos. Ao som de músicas locais e cantadas em inglês como Titanium, selfies, vídeos chamadas, as adolescentes levam uma vida comum, a qual precisam deixar para trás.

SEUS AVIÕES NÃO VÃO BOMBARDEAR NOSSOS SONHOS, frase que vemos pixada em um muro. É representação da jornada das jovens que, de avião, seguem rumo à Turquia com o primo, como símbolo de segurança às meninas. Uma segurança que vemos fragilizada, ao embarcarem por diversas travessias de fronteiras perigosas, sejam por água ou terra.

O espectador vai sendo introduzido à triste realidade da crise dos refugiados, que na esperança de um lar com segurança e sem a guerra que não escolheram participar, deixam suas casas em Eritreia, Somália, Afeganistão e outros países. A fronteira marítima é atravessada, perigosamente,  em um barco inflável, com sobrepeso no mar negro.

Entre pessoas que não sabem nadar, as irmãs Mardinij saltam do barco e seguem nadando na esperança de eliminar o peso que o afunda. Apresentados à dura realidade dos refugiados, chegam à Grécia e se deparam com as dificuldades como preconceito, falta, seja de segurança, alimento, água e até vestimenta.

NÃO IMAGINAM QUE TEM GENTE MORRENDO NESSE MAR

Em território europeu acompanha-se por meio de imagens e vídeos de arquivo, o período da crise migratória de 2015. Persistindo e resistindo, os jovens avançam os limites da Hungria e da Áustria rumo à Alemanha, que na época enviou ajuda às fronteiras para que os países vizinhos não enfrentassem o  colapso do peso da grande entrada de pessoas a pedir asilo.

Sally El Hosaini conduz com maestria o filme que não só retrata a realidade da família Mardinij, mas a de mais de 30 milhões de refugiados, com metade deles menores de idade. Com trilha sonora multiétnica que traz momentos de respiro e de tensão, apresenta um roteiro que em pouco mais de 120 minutos conta a história de dois grandes símbolos.

Direção dinâmica que entre cenas espelhadas, multifacetadas nos celulares, o filme aspiracional que segue a fórmula de sucesso chegando ao catálogo da Netflix no próximo dia 23 de Novembro.

 

 

 

 

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