Uma flecha Yanomami pelo mundo, esta é a premissa da obra. Um filme híbrido entre documentário e ficção de Luiz Bolognesi com roteiro conjunto do líder indígena Davi Kopenawa Yanomami.
Diferente de todos os filmes com viés antropológico e observatório do olhar do homem da cidade, A Última Floresta transporta o espectador para o universo da tribo. Uma imagem Yanomami nunca vista antes, com abordagem de temas urgentes, tais como: grilagem, exploração mineral e resistência milenar.
O processo de filmagem precisava ser intimista, então Luiz se empenhou nisso. Saindo de São Paulo e levando quatro dias de viagem para chegar à aldeia, tudo começou com a inserção de uma câmera DSLR de pequeno porte para aproximar os Yanomami. O objetivo era quebrar o estranhamento do equipamento e instigar os indígenas, através de exercícios e entrevistas.
Questionado pelos indígenas sobre quem iria ser filmado, Luiz disse aos Yanomami: a câmera que escolhe, ela se apaixona por algumas pessoas. Isso gerou um questionamento diário dos indígenas sobre quem a câmera se “apaixonou”. A partir de então foi formada através do cinema a aliança de Luiz Bolognesi e os Yanomami.
O roteiro liderado por Davi Kopenawa Yanomami, líder político da tribo premiado internacionalmente, trás diversos assuntos contemporâneos, porém o argumento do filme tem o coletivo Yanomami como protagonista. Isso irá trilhar todas as cenas de flagrantes e ficcionadas a fim de compor a narrativa. Luiz assumiu ter perdido o controle da produção em diversos momentos, mas manteve-se firme em estruturar o filme a fim de agradar a públicos internacionais.
A Última Floresta tem previsão de lançamento nos cinemas para o início do mês de setembro, em plena crise pandêmica e hídrica no Brasil. Problemas estes, narrados no filme através da perspectiva milenar indígena, cujas palavras xamânicas repetem: O minério está enterrado na Terra para não mexer, quando mexe levanta a fumaça da doença e da morte.
As mudanças climáticas e poluição interferem na agricultura familiar e na saúde da tribo, causando dificuldades de subsistência. Através da lente naturalizada do diretor, acompanhamos a rotina simplista e livre de produtos da cidade. Entretanto, o homem branco insiste em doutrinar os índios e levá-los para as extrações ilegais. Um jovem da tribo questiona sobre ter armas para defesa, Davi responde sabiamente: A arma de fogo é feita com materiais debaixo da terra que não devemos usar. Se um homem branco oferecer arma, não aceite porque arma não mata a fome.
O povo Yanomami, ainda que sagrado, repete o padrão patriarcal deixando as mulheres fora das decisões importantes da tribo e setorizando funções de trabalho/família. Com o olhar crítico de Luiz, um trecho do filme é totalmente dedicado à elas. É na produção de cestos artesanais e demais objetos criados pelas mulheres que elas enxergam a possibilidade de autonomia frente aos homens. Ou seja, a luta por igualdade de gênero atravessa as barreiras entre povos.
A mensagem do filme não é apenas sobre preservação e denúncia, e sim um ensinamento de um modo de vida diferente do imperialismo extrativista vindo da Europa em suas expedições e caravelas. Os Yanomami mostram que as árvores são nossas irmãs, pois crescemos com elas. É através da floresta que temos saúde e sabedoria, e a última floresta é só no Brasil, a última que ainda não foi queimada ou destruída.
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