Uma obra para os cinéfilos cult familiarizados com a obra de um dos maiores mestres do cinema, Ingmar Bergman. Apesar de todo o filme ser ambientado com o universo do diretor suéco, o longa não se trata de uma ode ao finado cineasta e sim ao próprio cinema. 

Com direção de Mia Hansen-Løve, A Ilha de Bergman não apresenta grandes pontos de virada no roteiro e não inova em sua narrativa, a não ser por um pequeno/grande detalhe: a mistura entre realidade e ficção dentro de uma obra que também é ficcional.

Esta inovação é o ponto máximo do longa, pois além de potencializar a protagonista Chris (Vicky Krieps), seus desejos ocultos são tangibilizados através de uma ideia para um futuro filme que ela está escrevendo durante sua estadia. Neste filme, Amy (Mia Wasikowska) viaja para uma ilha similar a Fårö, onde Chris está realmente hospedada com seu marido, e entra em crise confrontando seus sentimentos tal como a protagonista do filme de Mia Hansen-Løve. O mais interessante é quando os personagens de ambas histórias se cruzam, brincando com a percepção do espectador.

Uma crítica ao filme é a total falta de diversidade em seu elenco. Por se tratar de uma ilha interiorana na Suécia, palco de diversos filmes de Ingmar Bergman, a sua população é inteiramente padronizada em homens e mulheres brancos com corpos parecidos e aparências similares. 

Uma questão relevante ao longo da narrativa, é a desconstrução do mito Ingmar Bergman. As condutas pessoais do diretor se mesclam com seus filmes, onde não mais se separa autor e obra nos julgamentos morais. Isto sim, é um reflexo dos debates contemporâneos feministas, pincelados sabiamente na obra da diretora.

 

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