Como presente de Natal adiantado, Ryan Murphy nos entrega uma das mais divertidas adaptações do ano. A versão cinematográfica de A Festa de Formatura é sabotada pela situação atual do mundo, reduzindo drasticamente o número de pessoas que puderam ter a experiência de vê-lo no cinema — é uma obra chamativa e atrativa como o padrão que Murphy já nos apresenta desde os tempos de Glee.
Antes de tudo, é preciso entender que teatro e cinema são experiências completamente diferentes. Até mesmo na Broadway, conhecida pelos cenários hiper realistas, é garantida a qualidade subjetiva na representação de histórias.
O cinema tem a oportunidade de trazer o literal ao seu favor, e o literal de Ryan Murphy é megalomaníaco e ambicioso — e a tradução para uma outra linguagem capta com maestria a grandiosidade de uma obra não mais limitada aos palcos. Meryl Streep, Nicole Kidman, James Corden e Andrew Rannells compõem o quarteto de atores em decadência que, em busca de uma causa para advogar em prol de limpar suas imagens de narcisistas, vão até Edgewater, Indiana para ajudar Emma Nolan (a estreante Jo Ellen Pellman), estudante lésbica que causou alvoroço na comunidade conservadora ao convidar sua namorada (Ariana DeBose) para o baile de formatura do ensino médio.
A Festa de Formatura sob o comando de quem este ano nos trouxe Hollywood e Ratched é uma explosão de cores neon e ostentação de cenários monumentais que transcendem a própria noção de cidade pequena do interior.
A abordagem do tema LGBTQ+ é descontraída e, beirando ao exagero para arrancar lágrimas a todo custo, um tanto despreocupada. Certamente não é a performance da carreira da elite de Hollywood. Corden não é capaz de sustentar qualquer sutileza que exige o papel, enquanto Kidman soa um tanto deslocada em um universo onde não se sente confortável.
É quase constrangedor presenciar Pellman tão sorridente a todo momento, como se interpretasse a si mesma deslumbrada com tudo ao seu redor. Até mesmo Streep não ultrapassa o básico de uma atuação decente, e mesmo isso não deixa o filme menos cativante. É Kerry Washington, no papel da conservadora Sra. Greene, que rouba os holofotes em um ápice dramático que jamais soa forçado ou fora do tom, um limite no qual a trama passeia descaradamente.
Seu poder de conquista é garantido material original da versão teatral, um prato cheio para fãs de musicais com inúmeras referências a clássicos como Chicago e Os Miseráveis. Com uma trilha sonora envolvente e números musicais que se sustentam por si só, A Festa de Formatura é a deliciosa distração que precisávamos em um momento tão cinzento.
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