Estreou semana passada A Fera, thriller estrelando Idris Elba como um pai viúvo que se vê
no limite da sobrevivência para garantir a segurança de suas duas filhas (Iyana Halley e
Leah Jeffries, que veremos ano que vem como Annabeth Chase na série de Percy Jackson)
na savana africana, ameaçados por um leão com sede se sangue.

A premissa é simples assim, o filme não entrega muito conteúdo para construir tramas paralelas e não demora para ir direto ao que interessa.

E quando eu digo “não entrega muito”, quero dizer que ele não vai se aprofundar no drama
praticamente obrigatório entre pai-filha circundando a ocasião da morte da mãe delas: ele
as leva em viagem de volta para o país dela, algum lugar sem identidade nenhuma no
continente africano, cujas raízes não possuem significado para os personagens principais
— além de duas sequências mais etéreas e misteriosas circundando a figura da mãe.

São inserções rasas e sem objetivo, destoando até mesmo da própria estratégia do filme de justificar cada detalhe para não ser acusado de não fazer sentido.

Diegeticamente falando, ele faz sentido: Mare sabe como armar uma pistola com sedativo porque a vimos perguntar algumas cenas atrás como se faz. Ele tem esse cuidado, mesmo que forçado, quase como um medo de represálias. Em alguns momentos tive vontade de pegar o filme no colo e fazer carinho para assegurá-lo de que não tem problema deixar algumas pontas soltas. Não é como se ele quisesse construir toda uma franquia em volta do leão.

Conveniências à parte, A Fera tem um ritmo eletrizante — mal podemos ver a ameaça de
início, só o estrago que ela faz. O filme começa no ápice do suspense, prometendo que o
que está por vir é pura adrenalina. De certa forma ele não está mentindo: A Fera dura
pouco em seus momentos de calmaria até chegar onde realmente importa.

Também não demora para o espectador perceber que não é um filme original, com propósito ou que entregue qualquer outro tipo de experiência senão eventuais arrepios toda vez que o leão os ataca.

É uma pena que o filme construa tão bem uma atmosfera de que eles estão completamente indefesos para no final o protagonista não sair com mais do que alguns arranhões de um mano-a-mano contra um leão de verdade.

Sem qualquer profundidade que faça valer a pena ser visto, A Fera pelo menos rende uns bons sustos.

 

 

 

 

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COMO FILMAR LUTAS?

 

Formada no curso técnico em Produção de Áudio e Vídeo da FAETEC, bacharelanda em Cinema pela Estácio. Atriz, roteirista, dramaturga e a maior fã de Neil Gaiman a pisar nesta Terra.