Alguns filmes nacionais retratam como o Brasil ainda não superou completamente a escravidão, como “Que Horas Ela Volta” que mostra a representação do simulacro da senzala adaptado aos dias de hoje, os “quartos de empregada”. E não é diferente com “7 Prisioneiros”. Semana passada, a Netflix lançou mais um longa nacional premiado em seu catálogo, desta vez protagonizado por Rodrigo Santoro e Christian Malheiros.

A produção é escrita e dirigida por Alex Moratto, que ganhou indicação na categoria de Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Veneza e venceu por Melhor Filme em Língua Estrangeira. O diretor tem um belo histórico em seu pouco tempo de trajetória, logo em sua estreia com seu primeiro filme, conquistou prêmios e indicações pelo seu “Sócrates” (protagonizado também por Christian) no Mix Brasil (Melhor Filme e Melhor Diretor) e Prêmios Independent Spirit (Prêmio Someone to Watch e Prêmio John Cassavetes).

Não é a primeira vez que Christian Malheiros participa de uma produção para o streaming, o ator já interpretou o personagem “Nando” na série “Sintonia”. Já Rodrigo Santoro – conhecido por realizar diversos papéis de destaque fora do Brasil como “300”, “Golpe Duplo” e “Westworld” – novamente faz um papel de vilão, porém, segundo o ator, foi difícil até dormir depois de interpretar o antagonista do filme, diz em uma entrevista.

Christian desde 2018 vem construindo em sua carreira um maravilhoso currículo, adquirindo reconhecimento internacional em seu papel de estreia no filme “Sócrates”. Conquistou prêmios na categoria de “Melhor Ator“ no International Filmfestival Mannheim-Heidelberg (Alemanha), “Someone to Watch” no CinEuphoria Awards (Portugal) e uma indicação a “Melhor Ator Principal” no Film Independent Spirit Awards (EUA). Sem falar no Troféu APCA (Associação Paulista de Críticos Teatrais) e Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade para “Melhor Ator”.

O filme conta a história de Mateus, um jovem que vive com sua mãe e irmãs na zona rural e que recebe uma oportunidade de emprego na cidade. Entretanto, ele e mais outros amigos acabam caindo em um golpe. Mateus e seus colegas passam a trabalhar para o senhor Luca em péssimas condições, com tortura física e psicológica, fora disso, percebem que ainda estão dentro de uma grande estrutura que atravessa diferentes instituições corrompidas.

Realmente, suas premiações não são em vão, Christian rouba a cena com toda sua presença e entrega o que há de melhor em sua interpretação. Suas expressões de medo, raiva e arrependimento fazem o espectador sentir junto a sua dor e entender os seus conflitos éticos. Os planos construídos e o enredo são simples, mas nada feito com desleixo – longe disso – a complexidade em si está no roteiro e personagens e as suas camadas.

Em relação ao conteúdo, o filme trata de questões sociais pertinentes, como a exploração de trabalho e a estratificação social. Não é de hoje que a arte imita a vida, e situações como o trabalho análogo ao escravo acontecem “debaixo dos tapetes” em nossas terras. Alex traz bons questionamentos acerca da mobilidade social e faz críticas ao sistema socioeconômico vigente que cria mecanismos para passar uma falsa sensação de liberdade.

“7 Prisioneiros” foi um baita acerto da Netflix e de Alex Moratto, não à toa ficou em primeiro lugar no Top 10 da plataforma no seu dia de estreia (acima de até “Alerta Vermelho”, a produção mais cara do streaming até hoje). Ele cumpre sua função de desestabilizar, levanta questionamentos relevantes e dificilmente o espectador sairá sem levar um belo soco no estômago.


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